Sofrimento de um Espírito

No momento de meu nascimento minha alma, ao ver-se arrastada por força irresistível a este planeta, certamente pensou estar em um pesadelo. Mas passado o momento de confusão e vendo-se privada de sua liberdade pelas amarras da matéria, pôs-se de imediato a lamentar sua sorte, recolheu-se a si mesma e tentava de maneira incessante compreender o motivo de tal abominação. Sentiu, de imediato, as más energias que exala este mundo e estas pessoas contaminadas pelo contagioso vírus do egoísmo e do orgulho. De pronto tentou livrar-se de tais energias que a cercavam, a sufocavam e penetravam seu âmago, malgrado sua vontade e repulsa.

Ao ver sua prisão corpórea desenvolver-se, tornar-se maior, mais robusta devido à idade humana, a alma imaginava-se mais feliz por entender que o fim de tal suplício estava chegando. Porém, em seu íntimo ainda não conseguia se acostumar com tais energias, e agora que compreendia as maldades do mundo e não tinha mais a doce ignorância da criança, o mundo parecia muito mais horrendo aos seus olhos.

Infelizmente, o fraco espírito deixou-se também contaminar excessivamente pela matéria e, em alguns momentos, perde a noção exata de quem é, acha-se totalmente imerso no imediatismo, no stress e nas angustias passageiras da vida terrena.

Até hoje o pobre espírito anseia por sua liberdade, sabendo que não pode furtar-se às provas existenciais. E, tendo consciência de suas responsabilidades, ele não ousa romper com laços carnais antes do momento traçado pelo destino, pela vida, ou por algum Deus.

FernandoNogueira
Enviado por FernandoNogueira em 11/12/2008
Reeditado em 01/04/2014
Código do texto: T1330247
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