SÉRIE ALMAS PEQUENAS Nº 02 - O AMBICIOSO
A ambição para deixar de ser um bem e se tornar um mal, será questão de conotação;
Pois quando o dinheiro sobe do bolso e alcança o coração, surge uma pessoa escravizada;
Sem consideração por ninguém e nada, mirando em lucros sua visão;
Querendo algo mais que a satisfação, bebendo o cálice da fome indomada!
O ego ambicioso é mais inflado que a mais crônica vaidade;
O que se atribui à gananciosa imensidade, ao cego olhar individualista;
Esse escravo ser perde a humildade de vista e se julga da justiça ter imunidade;
É doença que avança com a idade e mata aos poucos todo valor altruísta!
Mal sabe o ambicioso que perde toda a vida querendo abastecer sua dispensa;
Que grande é a diferença do sono humilde para o travesseiro do abastado;
Aquele dorme sem o paranóico medo infundado, enquanto este teme que a pobreza lhe vença;
E sua mente nada espirituosa não pensa que seus bens não lhe seguirão naquele outro lado!
Na sua gaiola de ouro, cumpre pena o réu ambicioso;
Que na torre do indiferentismo odioso, despreza sua consciência mendicante;
Não irá muito adiante, seu breve futuro há de ser doloroso;
Porque nenhum ambicioso se livra das consequências do materialismo embriagante!
"A mais degradante de todas as pobrezas costuma adormecer no leito dos ricos" (Reinaldo Ribeiro)