"Vida, minha vida, olha o que é que eu fiz..."
Ser gerada com carinho, como eu fui. Nascer cuidada e amamentada por pais sinceros e dignos. Crescer com mimos e atenções. Eu tinha 4 anos quando recitava;
"Sou pequenininha , perninha grossa
Vestidinho curto, papai não gosta!"
Um doce, a menininha do papai! Que todo dia me colocava em seu pescoço para eu o pentear, enquanto a janta ia sendo posta à mesa. Nossas refeições eram em família, sempre. Os olhares, misto de carinhosos e disciplinadores. Tem algo deles nos meus, hoje. Os amigos de meus irmãos e mais tarde, os meus também, se achegavam, eram acolhidos e compartilhavam de nossa humildade.
Quem não gosta da simplicidade de uma refeição feita na hora, boa como o quê! Quando não tínhamos visita para o almoço, eu até estranhava. Os panelões de comida com tempero mineiro, que dona Olga fazia, pareciam os de uma pensão.
A menina cuidada e amada, tratada com delicadeza e carinho, tornava-se uma aluna exemplar, sedenta de conhecimento, atenta e cumpridora de deveres. Nunca me contentei com pouco, mas não era egoísta. Tinha amigas que vinham estudar comigo e eu usufruia do conforto da biblioteca de uma delas, a Jane, uma troca que jamais iremos esquecer.
Menina-moça... olhos vivos e coração pulsante...
continua...