Paisagem adentro
Na curva do rio: o humilde. Nas mãos dos homens: suas rudes vidas.
Ao final do imenso vale sombras cumuladas nas nuvens e poeira nos olhos dos vencidos fazem o caminho
Revivem nos odores da infância caricias que nunca perduram, e nos doem porque se foram e nunca mais vão voltar, estando como estão associadas a dias felizes.
Perpetuam-se nos becos vazios das casas abandonadas, entre imposto e impune descuido, como duas fitas na varanda pendura em forma de alecrim, lavanda e aromas a nuvem, quando a chuva passa e a estação é noite, simples no verão.
De essa mesma umidade cheiram profundos os campos e a boca recebe sabor a areia, para nunca mais esquecer o lugar que lhe foi de pertença.
Na curva: o rio. Dentro do coração as vidas dos homens, vão tão lentas como as suas curas que tardam em regressar do local onde as feridas, colocaram a nossa alma. E doem tanto ou mais que a morte de um descuido.
Todos tivemos aqueles momentos, se esquecem, bem sei, porque ao tempo e necessário não comungar demasiado com a morte.
Onde ainda preside a luz um momento anterior a o ser, aparece como patrimônio único; como ensino que se transforma: a dor cumulada e a vertigem de ser capazes de padecer tanto como estava para nos escrito.
E lembram as pupilas mais atitudes ainda das que abarca a imaginação ilimitada e, no entanto difusa, porque custa muito adaptar-se às novas vicissitudes e somos vencidos pela corrente continua dos locais mais comuns, da apatia vivida, e do ritmo monótono dos rituais pré-estabelecidos.
Na curva: o rio, nos peitos das mulheres: a cruz de cristo;e a submissão nos rostos, nunca vencida, como o desprezo nos jovens que se sentem agredidos por nascerem na prisão que sua própria mente fabrica ao reter o domínio na sorte dos mais brutos
Sofrem as mães,
para eles são eclipse: os choros que as martirizam.