MORTO POREM VIVO
Ao ser questionado sobre o que sou, refleti:
Sou um morto-vivo, morador das estreitas passagens que contornam as catacumbas deste mundo-cemiterio.
Durante os dias iluminados pelo gigante Sol inquisitor descanço em paz, longe dos olhos dos grandes viventes cheios de si mesmos, e pseudo-julgadores da funesta civilizaçao morta aos seus olhos, moribundos com sua humildade enterrada naquele mesmo cemiterio, porem mais vivos que todos em seu auto-julgamento.
Nas frias noites revolvo-me no leito de morte, volto a desprezada superficie, agora habitada nao pelos visitantes da luz do dia, mas pelos mortos assassinados pela sociedade inquisitora comandada pelo grande juiz Sol, invalidados pelos ingratos golpes da hipocrisia porem ressuretos pela sede de justiça.
Praticamos os gostos de todos os coraçoes, inclusive os que apenas ardem no desejo de tais praticas, porem se camuflam na multidao de seguidores da luz do dia, vivemos, mesmo postumamente, mas vivemos muito mais do que os proprios vivos.