SE É INEVITÁVEL, QUE VENHA
O que fazer diante do inevitável?
Como reagir, quando a impressão que se tem
É que não existem mais caminhos a serem percorridos.
Todas as estradas levam a nada
O horizonte já não existe,
Vejo trilhas que silcam montanhas,
Mas as montanhas, cada vez mais
Parecem intransponíveis.
O que fazer diante do inevitável?
Ele está ali, atrás da próxima esquina,
Como a dizer, vem
Sua espera terá fim, suas dores sumirão
Seu olhar não mais buscará o inatingível,
E seus passos cansados
Encontrarão finalmente o repouso.
São tantas dores,
A espera não é angustiante, é serena,
Existe agora um torpor que anestesia a alma
Uma certeza de que lutar não é preciso
É preciso sim lucidez, calma, tranqüilidade,
Mas como ter certeza?
O que fazer diante do inevitável?
As certezas para enfrentar estão arraigadas
A lucidez é tanta que dói, estou calmo,
Tranqüilo como um riacho de águas límpidas
Como que aguardando o momento final
Aliás, final de que?
Mas o inevitável está ali, de braços abertos
Esperando
Que venha, estarei esperando, ou voarei na sua direção
Com asas tão fortes e num vôo tão rasante
Que abalarão alicerces e palafitas
Que nada suportam,
A não ser o inevitável