Correntes.
Às vezes me sinto um animal indefeso preso à uma espécie de coleira; uma verdadeira corrente. Corrente esta, que parece o mundo que me cerca. Aquele mundo que ninguém quer viver: o limitado.
Ela me permite explorar somente alguns lugares à minha volta; se eu for muito longe, ela me aperta e posso morrer sufocada. Se eu fico perto de onde ela é fixada, me sinto mais diminuída ainda.
Já tentei me soltar; e até já consegui. Por uns tempos, fui totalmente livre. Mas hoje fui caçada novamente. E trancada numa sala.
Devo fugir? Quebrar pra sempre essa corrente? Esta coisa mórbida que me atormenta? Será? Será o melhor a fazer? Ser livre nos pensamentos, nas atitudes, nos sentimentos?
Bom seria se tudo se resolvesse sozinho - e da melhor maneira possível. Evitaríamos o estresse, a agonia e tantos outros sentimentos perturbadores. Se quebrássemos nossas correntes definitivamente, gozaríamos a vida e seríamos verdadeiramente felizes e livres...
(...)
Ainda continuo presa, acorrentada, em pânico. Pela minha aparência pode-se notar isto... mas somente hoje. Antes eu não lutava; era indiferente quando me prendiam. Escapava quando dava certo, e se me pegassem de novo, não me importava.
A luz da sala é tênue, fria. Só há uma mesa, uma cadeira, o papel e o lápis que utilizo agora. Observei agora: atrás de mim há uma janela, e a grade parece estar meio solta...
...(possível fuga?)...
... (suspiro).