Animal Racional?
Não nascemos prontos e estamos bem longe disso. Algumas coisas ainda causam tanta indignação que fico pensando se nossa raça merece mesmo ser chamada racional.
Imagino que a modernidade tem atingindo nosso cérebro e nossas atitudes condizem os pensamentos.
Um dia desses, recebi um vídeo dele – o querido –, que mostrava solidariedade entre dois macacos numa situação de condicionamento. Os dois eram submetidos ao mesmo teste, que consistia em encaixar a figura geométrica certa no espaço correspondente. Um dos macacos, o primeiro, encaixou o triângulo dentro do círculo e por fazer errado, não recebeu o prêmio. Em seguida, o outro macaco foi ao mesmo lugar e encaixou a peça certa e ao voltar ao seu lugar, recebeu como prêmio uma banana. O olhar do treinador acusava aquele que havia feito errado e ele, mesmo sem poder falar, expressou com o olhar a culpa assumida diante da acusação muda, porém não menos taxativa.
O amigo macaco, que havia recebido o prêmio por ter acertado, descasca a banana, parte ao meio e lhe estende a mão, entregando-lhe a outra metade.
É uma cena comovente e nos põe a pensar sobre uma série de coisas.
A competitividade de hoje, não permite espaços para erros graves ou pequenos enganos. Os olhares acusadores espetam como lanças. Ferem silenciosamente, pois também não é preciso dizer uma palavra ou mover um músculo sequer para condenar.
Quantas vezes já pudemos viver os dois lados? Temos o dia de acusador e o dia de condenado.
Estar na posição de acusador nos coloca certa vantagem e poder, como se fôssemos os donos da verdade absoluta, subtraindo do acusado o direito sequer de defender-se.
O acusado ao contrário, diante dessa situação, parece até diminuir, muitas vezes encolhe-se como se desejasse simplesmente tornar-se invisível.
Vejo essas situações repetidamente nos ambientes de trabalho. Um monte de gente agindo com irracionalidade, competindo pela banana e sem o mínimo de compaixão por aquele que muitas vezes chega a chamar de amigo.
Ter compaixão não significa, contudo ter de ser condescendente e cúmplice daquele que erra e sim tentar colocar-se no lugar dele, tentando entender a situação e o que o levou a cometer o erro.
Os fatores podem ser diversos: imaturidade, ansiedade, despreparo, medo, competitividade, dentre outros. Claro que também existem aqueles que o fazem por maldade, mas isso já é uma outra questão.
Os erros são grandes mestres do tempo. Fortalecem-nos e capacitam. Se a vida fosse fadada à perfeição, não teria sentido porque nos construímos todos os dias. Somos a soma de todas as nossas experiências boas ou ruins. Vivemos pouco tempo para cometermos todos os erros e precisamos então, aprender com os erros dos outros.
Ficamos pensando tempo demais no futuro mesmo sem saber se estaremos lá.
Hoje já é o futuro de ontem e se ousar fazer desse dia o melhor que puder, será bem mais agradável olhar para trás e quem sabe lembrar-se de quem dividiu a banana com você.