Inquieta

Lia um poema de Drummond. Um olho no livro, um olho na tela. Um barulho na rua deu-lhe uma certa apreensão. Lembrou-se de que talvez não suporte morar sozinha. Justamente ela, tão corajosa!

Vai até o computador. Digita umas linhas. Salva no rascunho. Não! Deleta. Hoje ainda não achou a palavra certa. Pensa na conversa longa que teve com o Edson, uma hora atrás.

As pessoas são peculiares. Será que vai poder tolerar as idiossincrasias (me perdoe, poeta, tomei sua palavra emprestada!) alheias. Ela vem tentanto ser compreensiva e tolerante. Deus sabe como!

Mais uma olhada para a tela da TV. "Fecha o meu livro se por agora não tens motivo nenhum de pranto". Desliga o computador. Mais uma noite difícil. Vai ser.

Sônia Casalotti
Enviado por Sônia Casalotti em 18/11/2008
Reeditado em 20/11/2008
Código do texto: T1289437