Versos a um cão

Admiro o cão abandonado

deitado na calçada poeirenta.

Seus olhos baços e vazios

fitam a tarde cair lenta.

Caminha invisível sem destino,

procura em latas a sobrevivência.

E só reclama em latido, desatino

para a Lua desatenta.

Invejo o desdém desse animal

e como nada o abala.

Sem sentimentos, nem bem nem mal.

E a impossibilidade da fala.

Invejo, sobretudo, a despreocupação.

Pois um cão não sabe odiar.

Um cão só sabe ser um cão...

Leo Ramos
Enviado por Leo Ramos em 12/11/2008
Código do texto: T1279635
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