O mistério da vida – Uma reflexão
Quando somos jovens e saudáveis damos pouca importância para o que possuímos de valor: Saúde, juventude, tempo, vigor, disposição, etc. Deixamos escorrer as oportunidades como areia entre os dedos. Não saboreamos os momentos com a mesma intensidade da maturidade porque para nós a vida será longa e eterna.
Então nos sentimos fortes. Insuperáveis. Invencíveis. Nossas lágrimas e risos são geralmente por questões tolas e ligadas a namoros desfeitos, paixões impossíveis, ciúmes descontrolados, arroubos desmedidos ou um sentimento qualquer mal curado.
Assim a vida transcorre e corre como um rio rumo ao mar sem dar muita bola para o que há pelas suas encostas, levando tudo até a confluência.
Mas o tempo passa e deixa suas marcas. Às vezes de forma lenta, noutras de forma abrupta e impiedosa a nos cobrar redobrados cuidados para com a saúde que se debilita de uma hora para outra.
Ficamos mais sensíveis às doenças que aparecem como da noite para o dia, saída de um esconderijo. E não há como resistir a avalanche de médicos e medicamentos a que somos submetidos nas mais diversas especialidades onde a nossa ‘máquina’, o nosso carro velho começa a fumegar queimando óleo.
De repente ganhamos uma irritação por qualquer bobagem e vemos a nossa estrutura óssea enfraquecida, as costas doendo e uma série de dietas atrapalhando os prazeres da vida, com a memória enfraquecida e pouca disposição para as reuniões sociais onde perfila a hipocrisia nos seus mais avançados modelitos.
Quando as conversas começam a ficar chatas tenha cuidado você está envelhecendo. Fica irritado por qualquer coisa e não vê a hora de ficar isolado no seu canto, apreciando a solidão, o barulho do vento, o cheiro do mar, curtindo uma paz interior que foi construída ao longo do tempo com reflexões, boas leituras, dose certa de espiritualidade e o culto ao amor.
Também começamos a sentir certa tristeza que muitos chamam de depressão por vir junto com a tal irritação, o estresse, as palpitações e inquietações, falta de paciência, de fôlego e um nervosismo gratuito.
São situações inevitáveis na vida de cada um de nós. Quando se chega ao inicio da terceira idade, aí pelos cinquentinha parece que se avista o traçado das encruzilhadas nos nossos caminhos e aí há que se ter e se buscar as reservas de forças espirituais que estão guardadas e que precisam ser usadas para restabelecer o equilíbrio, devolvendo a alegria e o bom humor que por vezes quer escoar pelo ralo de alguma dor ou incomodo.
Temos que erguer os olhos, respirar fundo, buscar atrativos que nos ocupem e dê prazer.
No meu caso optei por me recompor escrevendo minhas reflexões e meus poemas, não permitindo que a depressão, a tristeza e o baixo astral tomem conta da minha existência, cônscio de que ainda tenho muito para viver, curtir e atravessar.
É só imaginar aqui que há menos de dois anos eu suava frio com um preconceito odioso com a poesia e os poetas e resolvi escrever contra meu próprio gosto meu primeiro poema. Hoje são mais de 500 textos poéticos como se desde criança eu fosse vocacionado para um ofício que minha própria mente rejeitava.
Então que venha a velhice porque estarei a postos com a caneta e o papel em punho para o calor ou para o frio, para os dias de sol ou de penumbra, para o que der e vier confiando que Deus Todo Poderoso sabe o que quer para mim. De que é possível renovar-se a cada dia para ser mais feliz.
Hildebrando Menezes