Óculos – Símbolo do Intelectual?
Desde o século XIX existe essa rotulação de que o sujeito que usa sobre a sua face um óculos de grau é portador de virtudes que um indivíduo comum não possui. É considerado um homem de cultura, normalmente muito inteligente, dotado de um bom caráter e detentor de um certo ar de mistério. Quando ele caminha por uma rua, algumas pessoas admiram-no, outros o abominam, transmitindo, assim, sensações que variam de acordo com cada indivíduo.
Sinceramente, julgo que uma pessoa que usa óculos não é mais do que uma pessoa que nasceu com um problema físico, uma deficiência visual. E que, portanto, utiliza um óculos de grau como um instrumento de auxílio ao deficiente, como, por exemplo, um paraplégico que precisa de uma cadeira de rodas para se locomover.
No momento em que uma criança, um jovem, ou um idoso recebe de um oculista uma receita médica a fim de que se dirija a uma ótica e faça seu primeiro óculos de grau, ele não vai ficar feliz e dizer: “Ah, adorei! Dessa forma parecerei mais inteligente.” É mais fácil o paciente dizer que odiou a idéia de usar um óculos. Logo, os óculos não passam de um sinal deficiência física e não de um símbolo de intelectualidade, como os românticos gostam de afirmar. Pois a intelectualidade encontra-se na mente de um sujeito e não em um mero objeto.