Talvegue
O rio continua ali, tranqüilo
Correndo por dentre os vales
Com suas águas claras e frias
Irriga as terras alheias e desconhecidas
De repente, um tiro
Homens, armas e máquinas invadem a calmaria do rio
Espalham as suas águas, às sujam
A água clara agora é barrenta, é turva, quente e oleosa
As botas cruzam o rio em passos firmes, mas, incertos
1, 2, 3, 4, 4, 3, 2, 1
1, 2, 3, 4, 4, 3, 2, 1
Pronto, já está passando... pronto, passou...
O rio agora tenta correr tranqüilo, inútil
Marcas ficaram para sempre no fundo do seu leito
Escondidas porem ali, os homens voltarão
Pois, para eles não há danos, além do mais...
E se houvesse o que haveria demais?
A culpa é do rio que cruza o caminho deles
Hoje eu sou o rio.