A verdade que não foi escrita
A noite cai sobre a terra e minhas impressões são de mais uma noite de sofrimento. Todas as noites, ao fechar os olhos eu acordava e ao olhar para traz via meu corpo deitado na cama. O medo tomava conta de minha alma toda vez que pensava em dormir...
Um dia comecei a orar e cai num sono profundo... Sonhei com um Anjo. Fiquei tranqüilo, pois parecia que minhas orações foram ouvidas. - Então perguntei quem ele era e por que eu tinha aqueles sonhos? – ele respondeu: Eu me chamo Mihael o Arcanjo da Luz. Eu sou a verdade que nunca foi escrita e se perdeu no tempo, pois meu nome foi trocado e nunca pronunciado... Sou de luz, de amor e harmonia. Sou o amor incondicional e estou o dia inteiro ao seu lado, olhando dentro dos seus olhos e vendo o que teu coração demonstra. À noite, quando você se deita eu venho tentando me comunicar com você e lhe mostrar a verdade que nunca foi escrita....
Terminando essas palavras ele se despediu de mim e disse que ficaria o dia inteiro do meu lado para que eu pudesse enxergar as verdades das palavras dele e depois escrever. Acordei no outro dia e tudo parecia ter sido um sonho... Apenas parecia... Acordei mais leve, não da para descrever. Mas algo estava diferente. Eu olhava para as pessoas e conseguia ver as verdades e as mentiras dentro de cada uma e via que muitas vezes não eram elas que tinham as atitudes e sim uma influência de forças espirituais. Resolvi ir ate a livraria cultura ver alguns lançamentos e tomar um café. Derrepente aquele arcanjo da noite anterior apareceu e me disse: Está difícil ver a verdade não é... É isso que eu estou querendo de você. Quero que sinta a verdade e a escreva para o mundo. Diga-os quem eu sou, a verdade que nunca foi escrita e estou voltando para dar a liberdade que um dia Deus os deu e lhes tiraram. A liberdade de serem livres... O livre arbítrio de saberem a verdade e se libertarem de leis que não existem e nunca existiu...
Depois de muito pensar e repensar comecei a escrever...
Depois deste episodio em minha vida, relembrei com carinho, minha analise do conto de Biritura, um dos vários contos de Lygia Fagundes cujo qual sempre me lembrou a historia que meu pai contou e eu tirei A em minha redação...
"Breve analise e resumo do conto.
Em contos de Lygia Fagundes Telles a impotência de algumas personagens constrói a trama na qual pode se desenrolar um efeito trágico. Em “Biruta” (conto do livro Histórias do desencontro, de 1958, republicado em Histórias escolhidas, de 1961) temos uma história de profundo sofrimento, na qual um menino termina privado do único ser com o qual podia trocar afeto numa casa em que era explorado através do trabalho. A cadeia de exploração construída no conto impressiona pelo conteúdo histórico que retém. O menino Alonso veio do asilo (nome genérico para abrigo de crianças,velhos e doentes desamparados) para trabalhar na casa de dona Zulu, dormindo numa garagem no fundo do quintal e surrado quando cometia algum erro. Vemos a exploração com disfarce de caridade exercida pela mulher que não gostava de crianças e, contudo, abriga um órfão.Alonso aparece na abertura do conto transportando e lavando uma bacia pesada e cheia de louça – trabalho pesado demais para um menino. Ele se distrai com o cachorrinho Biruta, enquanto outras descrições nos impressionam: tinha “bracinhos” e “pulsos finos”, além de “mãos de velho”, com imaginação de criança, pois conversava com o cãozinho. A criada Leduína apressa o trabalho, pois está acima dele na hierarquia da casa, e o leitor descobre que é véspera de Natal. Todos têm suas festas para ir, e Alonso jantará sozinho as sobras do dia, com as quais esquenta as mãos frias do trabalho. As tintas melodramáticas não carregam o conto, se pensarmos que cada detalhe intensifica a representação, os fatos da realidade e os efeitos sobre o leitor, que, compadecido, pode expurgar alguma culpa histórica.Em meio à narrativa presentificada pela terceira pessoa e vivificada em momentos de discurso indireto livre, alguns flashes do passado intercalam o final do dia de Alonso. São histórias de travessuras do Biruta, a quem o menino se dirige com a ingenuidade sábia pedindo que cresça logo e se torne um cachorro sossegado, pois naquele momento mais se parecia com uma criancinha. Biruta explodia a meninice que Alonso não podia ter. Naquela casa não poderia haver crianças, e não haveria. Dona Zulu dá um jeito de enganar Alonso com uma mentira sobre um menino que se alegraria com o cachorro, e leva Biruta embora quando parte para sua festa. Sozinho, quando sabe da verdade através de Leduína (que não consegue reproduzir totalmente o comportamento dos patrões), chora junto ao presente de Natal que comprara para Biruta. Nos tempos do asilo, Alonso recebia caridade e presentes no Natal. Ao ser acolhido pela família rica, se transforma em criado, sem direito a ser criança, sem direito a questionar essa condição.
Biruta conta a historia de um cachorro muito bagunceiro e de um menino que fazia de tudo para o cachorro, eles viviam em uma casa e a dona era má não gostava de bagunças por varias vezes o garoto assumia a culpa dos atos do cachorro para que a dona Zulu não colocasse o cachorro para fora de casa, por várias vezes o garoto sentava e danava com o Biruta para ele parar de fazer travessuras, um dia antes do natal biruta estraga um pé de meia de dona Zulu, e ela não contou nada para o garoto, más ela já tinha tomado a decisão de que ia colocar o cachorro pra fora de casa, no dia de natal o garoto falava com a Leduína empregada de dona Zulu, e ele contou pra ela que ia dar uma bolinha de presente com o dinheiro que ela deu a ele para o Biruta parar de morder e destruir as coisas dela e da dona Zulu, derrepente entra a dona Zulu com uma historia de levar o cachorro emprestado para um garoto doente que estava na festa, o garoto muito feliz com aquilo porque o cachorro gostava muito de crianças e doces, emprestou o cachorro com muita felicidade, depois que dona Zulu saiu a empregada resolve contar para o garoto que a historia era uma farsa, e sim que dona Zulu iria abandonar o cachorro bem longe da casa deles, depois disso o garoto ficou sem falas pelo tamanho sofrimento que passava, quando ele pegou o presente que iria dar ao Biruta e apertou bem forte contra o peito como se quisesse enterrá-la no coração..."
Jose Meireles do Nascimento