Homenagem a Claude Lévi-Strauss

Claude Lévi-Strauss, o mestre maior da Antropologia, faz hoje 100 anos. A sua voz continua actual e orgulhosamente não silenciada. “Tristes Tropiques”, “Pensée Sauvage”, são obras maiores da denúncia e da revolta contra o genocídio, a uniformização cultural, a obsessão doentia de obliterar as diferenças. Strauss fascinou-se pelo modo de vida dos índios ameríndios (Amazónia) e por outras culturas dos trópicos. Proclamou, com vigor, o respeito devido a todas as civilizações, de que a nossa é incapaz de entender, por um conceito adulterado de humanismo. O modelo ocidental esgotou-se e o desencanto do mundo prolifera – como referiu Max Weber -, é hora de voltar aos ensinamentos de antropologia, filosofia, ética de um pensador que enunciou os sintomas de uma patologia que sufoca sem fronteiras.

Se há palavras que nos ensinam, obras que perduram, aquelas aqui citadas são vitais, atingem a nossa capacidade de pensar e de sentir, enquanto ainda há tempo para evitar a uniformização global que nos aniquile. A pluralidade cultural e a solidariedade são os valores essenciais a instaurar. Reinventar as utopias, isto é, a ruptura permanente entre a realidade e a esperança.