UMA TRISTEZA ÚNICA

Às vezes, nem sempre, penso na tristeza que meu coração não diluiu, não esqueceu e tatuou com cores vibrantes em meu interior. Não é qualquer tristeza, que ao chorar a alma acalma, ao sorrir a dor dispersa e ao dormir o corpo cala. Se fosse esta ,seria bom. SEmpre teremos uma tristeza única, não importa as proporções que ela esteja, ou a invasão que corroa a nossa mente com a lembrança. Ela é única e vagueia sem destino por nossos poros, impregnando nossa vida de névoas que não dispersam.

Eu queria muito esquecer esta tristeza, mas ela teima em me acompanhar. Adormeço com ela ao meu lado como um filho em afago profundo e amanheço com ela ao meu lado, como um amante diurno.

Já me acostumei com ela digo de passagem. Toda a verdade do meu ser já se acostumou com o seu grito.

Quizera um dia eu terminar com esta dor, mas afinal qual seria o sentido do vazio de não tê-la mais comigo, invasora e prisioneira de meus sentimentos mais íntimos? Gostaria que alguém me conhecesse o suficiente para escutar o seu sussurro diariamente. Quase uma súplica desesperada de acalento.

Minha tristeza tem nome, história. É um fardo antigo, renovada a cada ano com a lembrança.

Na verdade, não quero esquecê-la. Quero sentí-la de outra forma.

Todos nós temos uma única tristeza , subdividida por muitas outras, mas que não se equivalem em grandeza a maior de todas.

Eu convivo bem, diariamente, como, bebo e sorrio. Às vezes esqueço dela. Finjo completamente a sua existência e escondo a sua verdade serena todos os dias.

Ninguém sabe como sentimos a nossa tristeza. Só quem sabe são os corações sofridos de tristeza única. Estes sim compreendem a verdade , simplesmente.

Ka Risse
Enviado por Ka Risse em 27/10/2008
Reeditado em 27/10/2008
Código do texto: T1250429
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