Dissonante Pensar
 
         Quando penso logo, queimo neurônios. Em pensares que nunca me levaram a lugar nenhum. Apenas penso, tanto que me cansa tamanha perca de tempo, que me proponho a fazer versos que nada dizem a quem quer escutar.
         Aonde o sabor do fel pré-cozinho em óleo quente me torna desumana a tamanha ingratidão. Apenas penso, que de nada vai adiantar. Em doses pequenas de falsas consciências, o acaro que visita meus pulmões se aloja dentro do meu celebro e enriquece a amizade com o surrealismo presente em meu ser.
         Embriago-me de absinto a fim de deixar de pensar e agir um pouco mais. Acordo-me com o raiar do dia, em terra seca e submissa novamente. O céu está claro, minhas asas foram cortadas e só me resta caminhar, apenas.
         De longe avisto uma morada, lá me instalo e construí o laço sem rancor. Amo aqueles que me devotaram nada apenas, e malgrado os que me cercaram pelas covas dos leões famintos de outrora.  Novamente outra dose, e continuo a caminhar, esperando o meu sangue inteiro se esvair para irrigar a terra em que eu resolvi pisar.
         Dois dígitos na conta da minha cachola e um beijo de despedida em meus pais, sigo meus pensamento, e pleno vapor. Cuidando dos que sofrem por amor e os que degeneram pelo meu saber macabro e divino. Amando e me acarinhando a vida segue novamente, sem beijos ou olhares. Sozinha não estou, caminho junto ao meu pensar.
Samara Lopes
Enviado por Samara Lopes em 08/10/2008
Código do texto: T1218157
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.