FAXINANDO A ALMA
Só por hoje vou abrir as comportas do meu coração e deixar os
amores que não me pertecem alçarem vôos.
Vou desengavetar toda a mágoa e diluia-la para que a vida a leve
de mim.
Neste momento me debruço sobre meu armário de emoções e se-
paro os fraguementos de tristezas, estão empoeirados porque um
dia acreditei que serveriam para algo.
Tirei as caixas, como guardamos emoções destrutivas por simples
vaidade.
Vasculho cada compartimento deste meu ser, quanto tempo perdi-
do com pequeninas coisas que não possuiam valia.
Mas que eu as estimava por conter cada desejo frustrado.
Vou limpando, espanando e encontro cartas dos velhos amigos,
fotos de grandes amores e alguns tesouros.
Mas estes tesouros eu os esqueci enquanto me ocupava em mal
dizer a vida.
Passei muito tempo percorrendo caminhos obscuros que apenas
alimentavam minha dor.
Olho pela janela dos meus olhos, o mundo esta tão bonito lá fora.
Vejo o sol e seus raios que num largo sorriso me convida para ca-
minhar.
Mas antes jogo todas as tralhas desta vida que só atrasou minha
evolução.
As coloco numa lixeira com um bilhete, aqui jaz alguém que cresceu,
neste momento estou devolvendo ao universo tudo aquilo que nun-
ca me pertenceu mesmo que em algum dia eu tenha acreditado pia-
mente.
Saio caminhando descalça pelo chão de terra batida, o riso fácil me
faz covinhas na face.
Como a muito tempo não acontecia sinto a brisa suave a me acari-
ciar, sinto o vento chegar pertinho dos meus ouvidos e sussurrar
bem vinda querida, vôce esta pronta para a felicidade.
Parou por um instante, tal sussurro me assusta, passei tanto tempo
dependendo que alguém fizesse por mim o que nao tinha coragem.
Que tal palavras me parecem ousadas, somente neste momento
tomo consciência que pela estrada da vida delegamos muitas res-
ponsabilidades.
Porém, muitas são as vezes que nos omitimos, seja por convinien-
cia, comodismo ou falta de fé em nós mesmos.
E até em certos momentos prefirimos contabilizar as desgraças, do
que o gracejo da arte de existir e poder a cada dia renovar nossa
existência com atos sábios.
Respiro fundo, o ar puro da esperança me renova e me vejo de alma
límpida.
Sorrio segurando as mãos da sensatez desta vez sabendo que nun-
ca é tarde para encontrar a verdadeira essência.
E vou caminhando despreocupada, com o espirito leve e a certeza
que somente a faxina da minha alma fora capaz de tirar a venda das
ilusões que me cegavam.
CAMOMILLA HASSAN