PRETO-BRANCO AMARELADO

O sol se ergue ainda lunático

e os sonhos entreolham-se

nos condutos ópticos

dos rostos pálidos

lábios abandonadamente abertos

entregam-se à ventania frágil

esfriando os desejos

destas peles douradas

e na terra

meio úmida

meio sem graça

meio nada

as solidões se encontram

uma borboleta

duas borboletas

às vezes os olhos se mexem

envelhecendo as angústias

que tentam impregnar

uma esperança triste

levemente bronzeada

cuja palidez impermeável resiste

nas feições inalteradas

tudo em preto-branco amarelado