Inocentes: felizes ou estúpidos?
Estou rindo sozinho. É que passou um casamento de pobre na minha rua. Um carrinho surrado - conduzindo o casal fabricante de escravos do futuro – arrastando umas latas velhas amarradas a uma corda; lancinante barulho. Atrás deste, um outro carro, em pior estado de conservação, a buzinar como se desesperadamente solicitasse a atenção de alguém.
Quantos filhos terão? Quantas bênçãos receberão da igreja em apoio à continuação da família? Que formação e educação receberão os muitos rebentos que, fatalmente serão criados em série, pelas creches públicas? Quão conscientes serão de suas próprias limitações e sina à servidão? Conhecerão outro caminho exceto àquele indicado pelas tias crecheiras que recebem salário mínimo e depois de trinta anos, aposentadorias?
Ter consciência do inferno, não é sinal de felicidade. Felicidade é a alegria que transcende ao fogo do inferno e aos garfos de Satanás. Nem queima tanto assim! Nem lacera tanto assim! Melhor que revolucionar. É muito difícil fazer ruir o que está estabelecido e o novo assusta... Quem sabe, lá no final, fica mais gostoso. Ás vezes, nem é dor; é só a sensação de dor, como a cera derretente da vela em chamas...