O que pensas que tu és?
Nasceste igual a todos
bebê chorão
moleque resmungão
e em risos metafóricos cresceste imaturo
e cheio de sonhos perdidos
perdido
foste crescendo neste mundo de fantasia
de o doce chegar da puberdade
tenra idade
do doce mel da juventude que se aproximava
quanta ilusão
quanto tremor nas pernas
quanto gozo
quanta alegria
gostoso primeiro beijo
desejo... quanto desejo
também
quanto temor no coração do homem
que vinha chegando sem preparo para a vida
sem coragem de dizer: “Eu te amo”
para quem talvez
deveras amasse
quanto terror em aceitar o próprio sentimento
quanta arrogância na cabeça deste homem mal formado
quanta ignorância com fachada de sabedoria
quanta hipocrisia latente neste homem
com medo de si mesmo
com medo dos outros
com medo de ser
simplesmente ser...
ele mesmo
que envelhece a olhos vistos
mas com a ilusão de uma juventude mental
e débil mental que não queres largar
a juventude largou de ti
mas tu insistes em continuar...
a acreditar que tudo podes
mas não podes mais nada
tua existência finda, teus olhos falham
ao não enxergarem a realidade
nua e crua
que é a vida
e postumamente o pó
ele mesmo, o pó
pós
pós tudo
pós...
a morte
rufando tambores mudos
ao longo da sua existência
perene, instável, efêmera
intolerável
imagem nos meus olhos
de ver o homem que não percebe
quem ele é na ordem do dia
ele é um nada...
um nada...
de perfeito
ante a perfeição de Deus
Tenho pena de ti quando se deparar contigo mesmo
se deparar com o teu reflexo perfeito no espelho
lá estará tua imagem
e tua realidade
não poderá ser negada
Ah, ignaro homem, irás só
só com as velas...
...sem choro?
Quem sabe alguns dos seus choramingarão
um pouco
só um pouco chorarão
tua breve e insignificante existência
mas breve esquecerão de ti
Pobre “ser” humano
sem vida vivida
e com tanta vida tida por viver
Eu lamento muito
Meus sentimentos
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