Vida efêmera
Alguma apreensão, então vemos olhos postos na luz a vida que passa como um rio, e feito água esvai-se, sem que sequer a tenhamos consistentemente segurado, sentido seu real sabor.
Às vezes a temos e não valoramos, ela é nada e na real possibilidade da perda, quando enfim constatamos o quanto é frágil e preciosa é que nos damos conta da necessidade de melhorar. Promover benéficas mudanças.
Materialistas que somos não compreendemos a morte, principalmente quando ela vem para alguém do nosso convívio, se anuncia a algum ente querido, parte de nossa história e de forma dolosa com sofrimento, sofrer este que nos faz sofrer junto, mais ainda ante a impossibilidade de reversão, ante a grande malignidade.
Recorrer a conhecimentos, dogmas, doutrinas, a própria fé, preenche um pouco o vazio que a materialidade está deixando. Diz-se da expiação a feitos desta ou de outra vida, ou de purificação da alma, ou mesmo punição aos entes mais próximos com o fito de torná-los melhor ou jargões como: Deus não dá uma cruz que o filho não suporte carregar. Ou que o sofrimento é só para os fortes.
Relacionaria centenas de ditos, preceitos, filosofias, e nada, nada preencheria a dor profunda que dilacera o coração dos que ficam.
O tempo? O tempo cura? Sara? Promove o esquecimento? Não, o tempo, senhor de todas as dores, faz com que a compreensão a conformação venham num tom de apaziguar as angústias que sente a alma.
O tempo aquieta o coração, serena o espírito, é algum alento, mas não cura saudade, ausência, lembranças, falta, nem tão pouco faz esquecer.
O fato de ter alguma fé, um Deus em quem acreditar assimilar o princípio da vida, sua temporalidade, efemeridade, entender que para cada um Deus designa um caminho, certamente desacorrenta um pouco a alma da dor.
Aos que ficam resta reavaliar comportamentos, hábitos, conceitos e perfazer o caminhar. Enriquece muito enquanto pessoa evoluindo que creio ser uma das missões por aqui, partir melhor, aquele que aprende a verdadeiramente perdoar.
É mais feliz quem ora, eleva pensamento, minimiza o valor material, despe-se da mesquinhez, afasta do pensamento sentimentos vis como: vingança, inveja, egoísmo, e principalmente mágoa. A mágoa atinge ferinamente o coração do magoado, faz sofrer, traz dor, rancor, frutifica venenosos e podres frutos que contaminam a própria árvore.
De certo é bem mais doente quem tem pensamentos e ações maléficos, quem cultua planos de maldade, quem fere, agride, ofende quer com palavras quer com gestos. Antes de chegar aos endereçados tais atos ferem e maltratam principalmente o coração do agressor.
A idéia é preservar o bom, aprimorar, avançar no bem, evoluir o mínimo que seja ter compaixão, ter um olhar de amor para si e para os outros, para a vida.
Compreender o quanto importa nossa presença neste plano, discernir as mensagens, se saber em teste, sendo sondado, ser maduro para aceitar derrotas, frustrações, encontrar e cultivar nossos melhores valores desprender-se do desejo de praticar o mal, ser digno, ser justo, fazer o bem, perdoar.
Agindo assim é mais fácil a trajetória, o fardo fica mais leve.
E não esquecer: Vida é passagem, é ciclo, é missão.
Importa ser feliz, fazendo feliz.
Só mesmo na eminência ou na evidência do fim, não nosso, mas de quem nos é caro é que alguma lucidez se aflora! Bom pensar nisso!