A manhã
A manhã
A manhã do dia de hoje já é uma manhã como tantas outras manhãs que amanheci. É uma manhã simples. Uma manhã sem sofrimento: a dor já não dói como doía ontem. A manhã do dia de hoje já não é mais um fluxo de consciência, é uma manhã em que há apenas o ser por si só. Sou eu, simplesmente. Sou eu sem turbilhão algum. Sou eu sem paixão.
Se ontem eu descobri por que paixão quer dizer sofrer, hoje já não sinto paixão.
É esta manhã a manhã que posso deixar de ser eu e passar a ser contos, poemas, dissertações. Não sou mais cartas. Sou o narrador em terceira pessoa.
Esquecer é uma boa idéia.
É esta uma nova manhã. Mas ainda temo o anoitecer.