DO SONHO AO MEDO

É impossível não ser um pouco poeta,

Porque é preciso escarpar da multidão,

Nem que seja por um segundo de alegria,

Diante dessa enxurrada explosiva de acontecimentos.

Uma visão incomensurável de absurdos

Que sem aviso entra na paisagem.

È preciso mais que coragem, necessário se faz acontecer.

Um menino chupa chupeta com arma não mão,

Sem que a mãe consiga distinguir a cria

Do desconhecido pai da certidão de nascimento.

Uma grávida de onze anos a beira do suicídio,

Lamentando a sorte de poder parir sua própria morte.

A lua como referência de horário fortuito e propício,

Para se aprender rápido a pratica do latrocínio,

- a note é uma criança!

E o amor, antes precavido e fiel companheiro

Transformou-se em profecia de um momento apenas.

É impossível não haver revés

Seja a mais pacífica da almas

Por isso, sonham os esperançosos

Acorrem ao infortúnio da solidão

E a paixão primeira na poesia

Fazem versos utópicos de amores impossíveis

Criam alternativas para uma realidade dura e desumana.

Mas tenho medo da imaginação

Dos ilimitados poderes da criação inventiva

Porque do medo da morte a presença do eterno

É linha ínfima como a do amor e ódio

Quem sonha a eternidade

Sonha com os meios de obtê-la

E são tantos os poetas, tamanhas as poesias

Infelizmente existem poetas da maldição

E na transcrição literal do invento

Há amores infantis e muito sexo

dor, saudade, receio e também a morte

E guerras, muitas guerras a justificar a vida

E vice versa.

Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 18/04/2005
Código do texto: T11835