DO SONHO AO MEDO
É impossível não ser um pouco poeta,
Porque é preciso escarpar da multidão,
Nem que seja por um segundo de alegria,
Diante dessa enxurrada explosiva de acontecimentos.
Uma visão incomensurável de absurdos
Que sem aviso entra na paisagem.
È preciso mais que coragem, necessário se faz acontecer.
Um menino chupa chupeta com arma não mão,
Sem que a mãe consiga distinguir a cria
Do desconhecido pai da certidão de nascimento.
Uma grávida de onze anos a beira do suicídio,
Lamentando a sorte de poder parir sua própria morte.
A lua como referência de horário fortuito e propício,
Para se aprender rápido a pratica do latrocínio,
- a note é uma criança!
E o amor, antes precavido e fiel companheiro
Transformou-se em profecia de um momento apenas.
É impossível não haver revés
Seja a mais pacífica da almas
Por isso, sonham os esperançosos
Acorrem ao infortúnio da solidão
E a paixão primeira na poesia
Fazem versos utópicos de amores impossíveis
Criam alternativas para uma realidade dura e desumana.
Mas tenho medo da imaginação
Dos ilimitados poderes da criação inventiva
Porque do medo da morte a presença do eterno
É linha ínfima como a do amor e ódio
Quem sonha a eternidade
Sonha com os meios de obtê-la
E são tantos os poetas, tamanhas as poesias
Infelizmente existem poetas da maldição
E na transcrição literal do invento
Há amores infantis e muito sexo
dor, saudade, receio e também a morte
E guerras, muitas guerras a justificar a vida
E vice versa.