Floresta Encantada
Floresta Encantada
Autor: João Cirino Gomes
Pseudônimo: Janciron
Contos e fabulas, são heranças educacionais e culturais, que permanecem na mente infantil, despertando a criatividade e o interesse pela leitura.
E brincando, a criança aprende a ler, escrever, interpretar textos e colorir.
Os moradores da floresta encantada viviam em festa e fantasia.
Cascudinho e Douradinho eram dois peixinhos; e moravam em um riacho que cortava a floresta.
Naquela tarde ensolarada, os dois amiguinhos brincavam de pular.
Douradinho se dizia campeão de salto em altura. Como Cascudinho não queria ficar atrás, começou a disputa.
A cada salto, olhavam pra fora da água, apostando quem enxergava mais longe.
Na volta de cada pulo, diziam o que tinham visto.
Depois de vários saltos, Douradinho voltou com uma novidade.
- Esta chegando alguém.
- Quem será? - Perguntou Cascudinho que era curioso.
- Não sei, mas vamos ver - respondeu Douradinho.
E em seguida, viram a dona Anta e suas duas filhas, Antônia e Antonieta que se aproximavam...
Depois de saciarem a sede, elas se sentaram na relva e começaram a conversar.
Em dado momento, Antônia pediu:
- Mamãe conta àquela estória do menino que era desobediente?
-É mesmo mamãe! - Concordou sua irmã Antonieta toda empolgada.
Depois de algumas insistências, dona Anta começou: - Era uma vez um garoto branquinho que morava com a mãe na floresta.
A mulher era muito bondosa, mas seu filho se tornou um peralta. João de Barro é quem o diga. O garoto vivia o perseguindo.
Dona Sabiá também não tinha sossego, e já estava magra de tanto fugir das pedradas do menino.
Com sua perversidade o malvado tirava a paz de todos os moradores da floresta. Muitas vezes o garoto tentou derrubar a casinha, que João de Barro construíra com sacrifício.
Sua maior magoa, era ver João de barro e Joaninha cantarem felizes da vida, sobre os galhos da paineira.
Certa tarde, depois de muito matutar, o menino resolveu que acabaria com aquela alegria.
Escondido da mãe pegou um tição no fogão a lenha, e foi para a floresta.
Todo empolgado juntou um monte de folhas, e acendeu uma fogueira junto ao tronco da paineira, onde morava João de Barro e Joaninha.
- Eles vão ver comigo - dizia o perverso, esfregando a mão de contentamento.
Deitou-se na relva, e ficou olhando para o alto, esperando o resultado da sua perversidade.
Mas pegou no sono, e as chamas começaram a se alastrar.
João de Barro e Joaninha, percebendo o perigo; cantavam bem alto tentando despertá-lo, mas nada do menino malvado acordar.
Quando as chamas lamberam seu calcanhar, ele acordou assustado; levantou-se, e pensou em fugir, porem já era tarde...
Desesperado tentou subir na arvore para se livrar das labaredas. Quando se agarrou em um galho, foi ao chão e quebrou a perna. Então aumentou seu desespero; não conseguia se levantar, e começou a gritar...
Tanto gritou que sua mãe veio em seu socorro.
Depois de enfrentar as chamas, a bondosa senhora o pegou no colo, e o levou para a casa.
Mas o malvado tinha se queimado, e estava pretinho como um carvão.
Desde então, ganhou o apelido de Saci Perere.
***
- Mamãe agora conta àquela estória do bicho papão? - Pediu Antonieta.
- Vamos para casa, pois já esta ficando tarde. Amanhã eu conto - concluiu dona Anta, e saiu, sendo seguida por suas filhas.
Os dois amiguinhos também se despediram.
E quando iam se afastando, apareceu "Odoro", o tio de Douradinho, que chegava para fazer uma visita a sua irmã Dorotéia.
- Ao avistar o sobrinho, Odoro perguntou:
- Que você esta fazendo até estas horas longe de casa menino?
- Tio eu e meu amigo Cascudinho, estávamos ouvindo a dona Anta contar a estória de um menino muito levado, que se chama Saci Perere. Ele era malvado, e não obedecia a sua mãe, por este motivo, talvez tenha recebido um castigo.
- Quando eu era jovem, ouvi falar muito deste menino - disse Odoro.
- O que você ouviu titio?
- Vamos pra casa, chegando lá eu conto - Respondeu o tio de Douradinho.
Então Douradinho abanou a cauda mais rapidamente, e devido a sua grande curiosidade, pediu: - O tio vai contando pelo caminho!
- Fique calmo guri, eu vou contar, agora ande vamos!
Nem bem entraram por entre as pedras, onde morava Dourotéia, e o garoto já estava ao lado do tio, pedindo ansioso: - Agora conta.
Diante de tanta insistência, Odoro começou a narrativa.
- Certa tarde eu nadava na maior tranqüilidade, quando notei dois pescadores e um menino em uma canoa.
Ao invés de prestarem atenção no que estavam fazendo, eles se divertiam remando distraidamente, conversando animadamente.
Eu aproveitei estas distrações, e tirei a isca do anzol deles por varias vezes. Mas não querendo abusar da sorte, e já de barriga cheia, fiquei ouvindo suas tagarelices.
O mais velho disse:
- Este riacho me parece encantado, em todo lugar que vou pescar, nunca perco uma fisgada, quando puxo sai uma lasca de um peixão, e aqui, puxei varias vezes; perdi varias iscas e não peguei nada.
- Como assim encantado? - Perguntou o pescador ao contador de prosa, que usava um chapéu de palha.
- Rapaz, eu tenho um compadre chamado Bentinho, que cuida de uma roça pra estas bandas, - disse o contador de prosa.
- Certa vez ele me contou, que quando voltava do trabalho, resolveu pegar umas espigas de milho. Chegando a sua casa, debulhou o milho e colocou na panela. Em seguida encheu o cachimbo com um fumo que ele mesmo cultivava, e começou a meditar:
- Depois de comer um punhado de pipoca, dou uma tragada no meu cachimbo e vou descansar.
Com estes pensamentos, deitou-se na rede e ficou balançando, esperando a pipoca estralar.
E como estava cansado, meu compadre adormeceu.
Quando acordou, foi até o fogão, e notou que não havia nem um grão de pipoca na panela. Então ficou cismando.
Pegou seu cachimbo, e nele também não tinha fumo.
- Eu não me lembro de ter fumado, - pensou ele.
Olhou para um canto, olhou para o outro, coçou a cabeça, e perguntou a si mesmo, - será que estou caducando? Não pode ser; também não comi pipoca, e tenho certeza que eu trouxe milho. A maior prova disso são as palhas que estão aqui!
Naquela noite meu compadre ficou matutando até tarde.
No dia seguinte foi para a roça, e trabalhou o dia inteiro pensativo.
À tarde quando saiu do trabalho, olhou para o milharal, e colheu outras espigas.
Chegando a sua casa debulhou o milho, e novamente colocou na panela. Pegou seu cachimbo, encheu de fumo, e o deixou sobre o fogão.
Deitou-se na rede, e ficou balançando com um olho fechado e o outro aberto, fingindo que cochilava.
Logo escutou um assobio, fiuuuuuiiiiiiiii
Poucos instantes depois, um menino pretinho chegou pulando sobre uma perna só. Entrou porta adentro e foi direto ao fogão. Encheu a mão de pipoca, e levou a boca. Lambeu os beiços, e despejou o restante da pipoca dentro da toca.
Em seguida, pegou uma brasa colocou no cachimbo, deu uma baforada e saiu.
Já no terreiro; subiu sobre um tronco, deu uma enorme gargalhada, e sumiu.
- Então é isso seu safado?-Pensou meu compadre.
Eu estouro pipoca; você vem e come, fuma meu cachimbo, e ainda sai dando risada?
- Há, mas eu vou te dar uma lição, há vou sim; pode esperar seu danado!
- Disse meu compadre, que estava bravo feito uma onça.
No dia seguinte, Bentinho fez à mesma coisa, colheu três rechonchudas espigas de milho, com belas cabeleiras ruivas, e as levou para casa.
Lá chegando, debulhou o milho e colocou na panela.
Só que ao invés de por fumo no cachimbo, colocou pólvora.
Deitou - se na rede, e ficou fingindo que cochilava...
Não demorou muito, ouviu novamente o assobio, fiuuuuuuiiiiiiiii.
Logo o pretinho entrou sorridente pulando sobre uma perna só.
Foi para o fogão, experimentou um punhado de pipoca, e despejou o restante novamente dentro da toca.
Pegou o cachimbo, e quando o ascendeu, e deu uma tragada, a pólvora se incendiou e, bumm...
Com a explosão, e a fumaceira, o Saci tomou um susto e caiu de costa.
Meu compadre deu um grito, e só viu o vulto que se engatinhava por baixo da rede e fugia.
Então meu compadre foi até a porta e gritou:
- Viu seu safado, quem ri por ultimo ri melhor!
Em seguida deu uma gargalhada, e retornou para dentro da casa ainda enfumaçada.
Quando já se deitava na rede, notou que na sua pressa, o Saci tinha esquecido a toca cheia de pipoca.
O dia seguinte amanheceu fazendo muito frio, e Bentinho resolveu dormir até mais tarde.
Assim que o sol começou a surgir, escutou um choro.
Saiu para o quintal, e viu o Saci chorando.
- Porque chora seu peralta? - Perguntou Bentinho.
- É que eu estou sentindo muito frio. Por favor, seu moço, me devolva a minha toca. Sem ela eu não tenho magia.
- Então você esta querendo a toca de volta, para continuar aprontando das suas em?
- Não seu moço, eu prometo não fazer mais artes.
- Se for assim eu devolvo, - disse Bentinho.
Depois de colocar a toca na cabeça, o Saci agradeceu e se foi.
Daí em diante ninguém mais ouviu falar nele.
***
- Tio, amanhã a dona Anta vai contar uma estória do Bicho Papão, será que ele existe mesmo?
- Já faz muito tempo que não ouço falar nele! - Respondeu Odoro.
- Há muito tempo atrás, o rei Leão autorizou o Bicho Papão comer todas as crianças desobedientes.
Com medo do Bicho Papão, as crianças se tornaram boas, e não desobedeciam mais seus pais.
Desta forma, aconteceu que o Bicho Papão ficou sem alimentação, pois o rei tinha autorizado ele comer somente as crianças teimosas e desobedientes!
Com fome; o Bicho Papão, que era cheio de astúcia, resolveu fazer uma festa:
Sua intenção era convidar todos os animais, e comê-los um a um.
O Bicho Preguiça ficou incumbido de entregar os convites.
Mas quando chegou o dia da festa, nenhum convite tinha sido entregue.
E o bicho papão ficou desiludido.
Chamou o Bicho Preguiça de lerdo, de irresponsável...
E o Bicho Preguiça chateado com as ofensas, respondeu:
- Se você ficar me criticando, e me apressando; eu não vou entregar droga de convite nenhum.
Então o Bicho Papão pegou os convites de volta e se afastou resmungando.
No caminho encontrou com a Tartaruga, e contou a ela sua desventura com o Bicho Preguiça.
E a Tartaruga falou:
- Este bicho Preguiça é um lerdo mesmo, se fosse eu, esta festa já teria acontecido, e teria sido uma maravilha.
E esticando as pernas, passou a contar uma fabula; explicando ao Bicho Papão, como havia derrotado o Coelho em uma corrida.
Mesmo meio descrente, o Bicho Papão repassou os convites a Tartaruga; para que ela fosse entregá-los aos convidados.
No final da semana, quando o Bicho Papão procurou a Tartaruga, para saber se os convites haviam sido entregues, ela lhe informou que estava com dor de cabeça, e não podia sair no sol quente.
Ai o Bicho papão ficou uma fera, chamou a tartaruga de mentirosa, e saiu aos tropeções, pisando duro.
E foi procurar o Coelho; ao avistá-lo entre as folhagens, perguntou:
- Compadre Coelho; é verdade que a tartaruga o derrotou em uma corrida?
E o coelho respondeu:
- Eu sei que foi uma armação, e nem me incomodei com aquela disputa; no dia da corrida eu encontrei a Dona Urso Lina, que é comadre da tartaruga; e ela fantasiada de coelha, me presenteou com uma bela cesta recheada de suculentas cenouras e potes de mel; eu comi as cenouras, bebi o mel e fui dormir, quando acordei já havia terminado a aposta.
E o Bicho Papão matutou:
- Minha intenção era mexer com o orgulho do compadre Coelho, mas ele deve ser mais um comilão preguiçoso, e vai me enrolar. Se eu contar com ele, vou acabar morrendo de fome.
Mas não vou desistir da festa:
Pensou por um momento; e imaginou que o Macaco é quem deveria entregar os convites, pois era o animal mais ágil da floresta.
Só tinha um inconveniente, precisavam de um barco, pois a festança seria em uma ilha.
E os animais da floresta, sem desconfiar das intenções do Bicho Papão; após receberem o convite, começaram a trabalhar na construção do barco.
No dia da festa, o Pavão apareceu todo empolgado com sua plumagem colorida.
O Bicho Preguiça pegou uma carona nas costas do Javali, e estava todo sorridente descansando de papo para o ar.
A dona Coelha e o coelho chegaram dando saltos de contentamento.
E as Hienas davam gargalhadas.
Com enorme alegria, os animais entraram no barco e seguiram em direção a ilha.
A festa estava animada... A bicharada dançava, pulava e batiam palmas.
O Macaco batucava, a Cigarra chiava, a Coruja cantava e tocava sanfona; e o Bode corria entre os convidados, fazendo a maior farra.
E o Bicho Papão, em um canto matutava:
- Vou embebedar a todos... Assim ficara mais fácil comê-los!
O Gambá foi o primeiro a ficar bêbado, e queria brigar com o Tatu.
Então o Bicho Papão apartou a briga e disse:
- Eu levarei o compadre ao rio para se refrescar. Abraçou-se ao Gambá e se afastaram.
- Este é o primeiro que vou comer, - pensou ele.
Assim que chegaram ao rio, viu que tanto ele quanto o Gambá estavam fedendo.
Por mais que o esfregasse, aquele mau cheiro persistia.
Varias vezes tentou engolir o Gambá, chegou até a tapar o nariz, mas quando se aproximava com a boca aberta, sentia o fedor, fazia ânsia e se afastava.
Depois de muito tempo dentro da água gelada, o bicho papão começou a espirrar. – Atichim... Atichim...
Revoltado, e com fome, abandonou o bêbado em um canto, e decidiu voltar para o baile.
Antes, porem, resolveu soltar o barco na correnteza.
Enquanto desamarrava o barco dizia: - Agora ninguém mais sai daqui.
E quando eu sarar desta gripe comerei todos, um após o outro.
Mas o Pavão que estava de ressaca foi beber água no rio. Ao ouvir o que o Bicho Papão dizia, voltou voando para a festa, e lá chegando contou para bicharada o que tinha visto e ouvido.
Depois que ficaram sabendo.
Qual era a intenção do bicho papão.
A Coruja e a bicharada.
Começaram a cantar um estranho refrão:
A coruja cantava:
- Coitado de quem não sabe,
E a bicharada respondia:
- Ainda bem que estou sabendo.
E o refrão continuava.
- Coitado de quem não sabe...
- Ainda bem que estou sabendo...
Até que: de madrugada:
- Atichim... Que musica é esta?
- Perguntou o Bicho Papão ao macaco.
- Depois de tapar os ouvidos, por causa da musica que atrapalhava a conversa, o macaco respondeu:
- Quer dizer que o compadre não sabe? - Vem vindo um temporal ai, e o vento vai levar tudo pelos ares - respondeu o Macaco.
- Não diga! E como eu farei compadre? Eu não quero ser levado pelo vento! - Disse o Bicho Papão temeroso.
- Nós vamos nos amarrar nas arvores! - Informou o Macaco.
- E o compadre pode me amarrar?- Perguntou o Bicho Papão.
- Sim! Só que você será o ultimo! – Falou o macaco, que era muito maroto.
- Sendo eu o dono da festa, tenho o direito de ser amarrado primeiro! - Questionou o Bicho Papão.
- Então vamos consultar os convidados, - disse o Macaco.
- Se todos estiverem de acordo, faremos a sua vontade!
E os animais passaram a cochichar entre eles.
Pouco depois o Macaco foi falar com o Bicho Papão:
- Só tem um inconveniente, precisamos de um cipó bem forte.
- Pode deixar que eu pego o cipó! - Falou o Bicho papão.
Entrou na floresta, e logo retornou com uma braçada de cipó.
Então os animais amarraram o Bicho Papão em um tronco, e lhe deram uma surra com vara de marmelo.
Depois jogaram o tronco na correnteza.
E o Bicho Papão se foi rio abaixo.
Se ainda existe não sei. Mas que existiu, existiu! Isso eu falo e afirmo! - Disse Odoro.
Questionário:
1- Você sabe responder, onde morava o Saci?
R:...........................................................................................
2 - De quem o Saci tirava a paz?
R:............................................................................................
3- Onde morava Douradinho, e cascudinho?
R:............................................................................................
4-Como se chamavam as filhas da Dona Anta?
R.............................................................................................
5- Qual era a intenção do Bicho Papão?
R:............................................................................................
6 - Qual foi o primeiro animal que o Bicho Papão tentou comer?
R:............................................................................................
7- Quem descobriu as intenções do Bicho Papão?
R:............................................................................................
8- Que musica, a Coruja inventou para avisar os animais sobre as intenções do Bicho Papão?
R:............................................................................................
9 - Que o Saci prometeu ao compadre Bentinho, para ter sua touca de volta?
R:............................................................................................
10 – Que aconteceu com o Bicho Papão
R:............................................................................................
Autor independente: janciron