É Carnaval; nada de Mal
I
Carnaval, nada de mal; abrace o rival.
Festa trivial, não se de mal, não é bacanal.
Lê no jornal, seja original, conselho não faz mal.
Parece banal; festa angelical; mas também infernal.
II
Não corra, não morra, se pedirem socorra.
Não seja pitorra, pichorra; mas solte a cachorra.
Pode fazer zorra, mas brinque na gangorra ou só corra.
Sem desforra, nada de cabeçorra, não seja machorra.
II
Tudo é festa; mas não venha com esta, hoje tudo presta.
Cante uma seresta, cuide da testa, ou fuja pra floresta.
Para o mal não desembesta; se alguém molesta; pare a festa.
Alguém te seqüestra; cuidado com a fresta; coisa ruim infesta.
III
Pratique alegria, como eu queria, olhe para mim e sorria.
Ontem eu sofria; na dor adormecia; hoje faço acrobacia.
Disto eu já sabia, pular você viria, olha que anatomia.
Sem idolatria, para mim como cortesia; solto a cavalaria.
IV
Que beleza, foi-se a tristeza, é bom tenho certeza.
Sem esperteza, mas é uma riqueza, sou o rei da proeza.
Do ser a leveza, insustentável magreza, é a natureza.
Na minha fortaleza, verei toda nudeza, despida sem defesa.
VI
Carnaval no pé na mão, segura coração, de dia Maria a noite João.
Ela broa ele um pão, ela a Anta ele o Antão; vieram do Afegão.
Ou do Japão, hoje é amigão; aperta mão; da um abração.
Viva Adão, levanta o calção, divirta-se; te cuida irmão.