SONHOS

Muitos não sonham. Acordam de manhã com a sensação de voltar a vida como se as oito horas passadas na cama não tivessem existido. Amnésia total.

Quando acordamos no meio da noite, as vezes nos lembramos de algo parecido com uma história. Um fio condutor de um roteiro meio sem pé nem cabeça, cenas misturadas sem um encaixe muito preciso.

Sonhos maravilhosos ou pesadelos horríveis são relativamente raros. Algumas pessoas apenas as tem em profusão.

No entanto, ficou na linguagem cotidiana a idéia de que “um sonho” é algo bom. Se a festa foi linda dizemos: “Foi um sonho.” Como se o sonho fosse o contrário do pesadelo e não seu palco.

Quando alguém procura sempre o melhor, o ideal, algo irrealizável dizemos: “é um sonhador”, “está sonhando acordado”. Assim, assumimos em nossa linguagem que “o sonhar” é um mundo perfeito, onde desejos se realizam.

Todos sonham quando dormem, lembre-se ou não pela manhã. A ciência afirma que o sonho e tão indispensável ao organismo quanto a água e o ar. Experiências demonstram que um homem impedido de sonhar (mesmo que durma) ficará louco.

Se assumirmos que a linguagem popular é influenciada pelo inconsciente, não é impossível que ao esquecer dos sonhos estejamos perdendo os melhores momentos de nossas vidas e talvez os piores também.