João na esquina
Hoje ele saiu e não quis dessa vez me contar
Será que ele fugiu pra um lugar que não vou procurar
O que essa vida vã levou consigo agora
Mais um que não volta mais pra a mesma vida de outrora
E as coisas tão desejadas que nunca ele me reclamou
E a vida de emboscada tramando armada um botão de flor
E a dor de se estar contente e ser carente como o amor
Me envolvem ardentemente num tom que agente se recordou
Foi ontem eu sei, eu lembro, que o meu pequeno me disse vá
Um tchau como quem contente vai a esquina e volta já
Mais essa esquina hoje não fica mais no mesmo lugar
Mudou-se pro infinito e infinitamente ele vai voltar
E é assim como todo mundo que não quer mais aceitar
As mesmas maledicências, a mesma crença, o mesmo lar
É assim a curvada limpa de quem fraqueja em tanta reta
E ele já foi embora e agora eu só peço, atinja a meta
Rebole num pé de vento e faça momento num grão de flor
Estoure as benevolências de quem hipócrita lhe atira dor
Acabe com esse costume, de sempre sim pra não magoar
E lembre que a nossa vida é soma do que podemos negar