Onde estão as luzes, as cores, os sabores?
Onde estão os pássaros e as flores multicores?
Perderam-se
no espaço da solidão
esta mórbida habitante do nosso deserto interior
onde não há jardim
onde não sobrevive a cor
nem mesmo o sabor
do amor
perdido no tempo, na falta de alento, de acalento
do corpo
no corpo
faltou a boca
faltou o beijo
sobrou o desejo
de amar, e de ser amado mais
nesse ínterim
faltou o chão do caminho
um rumo para caminhar
pra onde ninguém hospedaria a nossa dor
que chega...chega
de mãos dadas com o deserto e a solidão
do vão desejo de ser alguém
sem alguém que complete
este todo incompleto
repleto de desilusões
cheio de nada...
Do nada
um ninguém
dentro de alguém a olhar um céu
sem estrelas, sem luar,
sem a noite, doce companheira
da aurora
a romper o dia
dia onde não existe sol
nem os pássaros a voar trazendo
nova esperança
outra vez
a dança que não foi dançada
em uníssono com músicas que não ouvimos
inventamos,
antagonicamente em perfeita sintonia
com o desejo não realizado.
Quem se lembrou de nós???
Ninguém
além do ninguém que perpetua em cada um
pela insensatez
em cegos devaneios
sonhamos com a tez suave
que não tocamos
não a enxergamos
pois
o vento do deserto a soprar
areia de covardia
falta de ousadia
cegou os olhos do coração
rico em sonhos
pobre em realização.
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