PAREI PARA PENSAR NA SOLIDÃO
Parei para pensar na solidão. Com a solidão, aprendi muito mais do que dar valor às coisas mais simples e importantes da vida. Aprendi a encontrar na solidão um consolo, um motivo para viver, sempre lutando contra as tristezas e as discórdias do mundo.
Adolescente, encontrei o amor. Juraram-me amor eterno e também jurei eterno amor... a solidão veio e levou o meu amor embora, mas nem por isso deixei de amar a vida e olhar as pessoas ao meu redor.
Hoje vivo rodeada de pessoas. Gestos estranhos e interrogativos, rostos calados e vozes desconhecidas... muitos passam por mim, poucos me cumprimentam. E eu sigo meu caminho de cara erguida e sem temor.
Sou uma pessoa de muitos amigos, poucos companheiros... ninguém compreende a minha solidão. Para mim, ser feliz não é estar cercada de pessoas que sorriem na sua frente e caçoam nas suas costas. Ser feliz é ter o coração repleto de um único ser que me completa e me acompanha mesmo quando o esqueço: Ser feliz é ter Deus no coração e sempre ao meu lado. Por isso nunca estou só...
Vivo sem medo de viver. Mas carrego os meus medos para que eles me tragam coragem de superá-los. Não espero a morte. Pelo contrário, a morte que me espere! Sigo ao lado dela e ela me segue, uma levando a outra vida afora.
Veja só tudo o que carrego. Definitivamente não estou só!
* Escrito em 08/04/1996. Quando escrevi, estava sentada em uma praça (Largo das Andorinhas) em Campinas. Era tarde e eu parei para observar as pessoas passarem por mim. Estava chorando sozinha. Agora não me lembro porque...