De longe

Te vejo de longe, todos os dias.

Todos os dias estás quieta.

Séria.

Silenciosa.

Não ouço mais tua voz e teu sorriso.

Sou obrigada a ficar em silêncio também, daquela janela em movimento, de onde sei que me vês, mas faz de conta que não.

Caí e levantei muitas vezes desde que te ausentou(ou isentou?).

Órfã de pais vivos.

Experiência de um relacionamento que não deu certo, por isto devo ser apagada da tua memória.

Errei como erra todo o ser humano, e não pretendo pedir desculpas.

Talvez por orgulho, ou por bloqueio, resultado de nunca ter ouvido um pedido de perdão.

As pessoa que me magoaram nunca me pediram perdão.

Não souberam separar nossas vidas.

Sou como tu, e hoje tenho ciência disto.

Guardo-me em meu silêncio, mas sinto ainda teu cheiro, aquele que ficava nas roupas que teimava de experimentar. Hoje elas não ficariam tão grandes, talvez, pequenas, isto sim.

Não sei quando deitarei minha cabeça em teu colo.

Não sei quando falaremos.

Caroline Garcia Cruz
Enviado por Caroline Garcia Cruz em 27/08/2008
Código do texto: T1148996
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