Desabafo I
Faço de minhas escritas, fuga.
Das frases, consolo.
Do texto, minha alma.
Choro, por essas linhas,
Que espelha a face doida de minha existência.
Refaço meus dias, após dias.
Tentando amanhecer por estas noites vazias,
Alegria, rara semente cultivada,
Pelo vasto campo das desilusões,
Vividas ao longo dos anos.
Amei, assim como tantos tolos.
Tantos corações vis,
Em minha lucidez, vir-me louco.
Incapacitado de fugir,
Das garras do meu próprio destino.
Navegar por esses mares,
Fez-me naufragar a cada beijo,
Tormentas e tempestades varreram-me,
Para o abismo do meu ser,
Pirata, naufrago, sem prazer.
Caminhar faz parte da história humana,
Seguir em frente, levantar a cabeça,
Abrir novos horizontes, sonhar,
Vegetar todas estas ilusões,
Demagogia ensaiada por aqueles que não conheceram a dor.
Infelizmente a realidade,
É um efeito colateral,
Que vem a cada dosagem de esperança.
Fui vitima dessa crença,
Inquisidor de minhas próprias conquistas.
Nada faço além,
De escrever memórias e desabafos,
Para abafar o grito incontido,
No peito, hoje fragmentado,
Por estes romances abdicados.
Estou diante desse papiro,
Tremula Mão, que empunha a pena,
Deseja ardentemente calar-se,
Pelos próximos dias,
Enquanto ainda me resta um resquício de alegria.