LIBERDADE DE PENSAMENTO
Porque a boca fala do que está cheio o coração o coração.
Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo;
Porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado (Mateus 12:34b–37).
No final dos anos oitenta iniciei a caminhada no mundo das letras. Na apresentação de Gozai Por Nós (o primeiro livro), afirmava: escrever um livro não é um caminho fácil porque uma vez percorrido seus frutos não mais nos pertencem e sim, a quem interesse (o leitor).
Atualmente existe um dilema no mundo cultural: como garantir e proteger o direito dos autores e produtores sobre suas obras? (Revista Continente, março/2008). Cremos que a questão veio a tona, quando a cultura se transformou num bem de consumo, sustentada pela indústria cultural – uma das mais bem sucedidas investidas do homem na correria por acumular riqueza material.
A manifestação cultural foi transformada num feroz animal que procura abocanhar lucros nas expressões artísticas (independente de qualidade) – a letra de inúmeras músicas de bandas do momento demonstra isso.
Conforme Celso Antunes em seu UMA ALDEIA GLOBAL: Ao longo dos séculos que nos precederam a humanidade jamais pôde assistir a tantas conquistas científicas, a tantas crises morais, a tanta esperança no futuro e a tão consciente convicção do desastre iminente.
A sede por dividendos monetários tem inserido a nossa sociedade numa espécie de roleta russa, onde vivemos um vale tudo por dinheiro.
A luta pelos direitos humanos avançou, enquanto as músicas do momento convidam para o vamos fazer beber agora, convidando ao sexo sem compromissos – resultado: recém-nascidos jogados no lixo.
A Bíblia afirma: Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros (Hebreus 13:4).
Enquanto músicas do momento questionam: o que foi que eu fiz pra você? Mandaram os homens aqui pra me prender; foi apenas um caso de atraso de pensão.
Resultado: o divórcio passou de simples exceção, tornando-se uma regra – e a moçada casa com a idéia que se não der certo, separa.
Em relação à questão do casamento com a possibilidade de separação (se não der certo); abre espaços para outro problema: a falta de entendimento sobre o que seja dá certo.
Nesse contexto, a questão dos direitos autorais foi reduzida ao fato de que a produção artística e cultural precisa ser protegida do plágio para que outros não fiquem com o lucro do dono dos direitos autorais.
A pirataria alimenta o crime organizado é bem verdade – entretanto, o combate a esse expediente se dá exclusivamente por conta do prejuízo a quem detém direitos autorais sobre a obra, ao invés de considerar antes a liberdade de expressão.
Autores independentes, cuja produção ainda não significa lucro certo, são obrigados a conviver com a falta de uma política cultural que garanta o direito a análise de suas obras e, financiamento público ou privado, caso se encaixe no padrão de bem–estar social.
Assim sendo, se faz necessário repensar a questão da liberdade de expressão e direitos autorais, porque o modelo em vigência os transformou em algo contraditório, porque a produção cultural jamais deve se transformar em mera fonte de lucros.
Pense Bem: se a boca fala do que está cheio o coração; a liberdade de expressão poderá contribuir na construção de uma sociedade melhor.