Compreensão do ser
Não é hora de permanecer adormecido. É hora de ser maduro, e de permitir ser tudo pelo qual você está destinado a ser. É tempo de se unir à vontade do universo e obedecer à sua natureza. Agora que você já é adulto deve buscar compreender a essência das coisas e sua razão de estar aqui, do tempo que se lhe dispõe de existência enquanto um ser que participa do resto do universo. Não negligencie o poder de conhecer a verdade e de ser tudo o que você puder ser.
Seria um enorme desperdício para a coletividade humana e para a natureza se você não se empenhasse em concretizar todo o seu potencial, durante o tempo que o universo permite que você esteja por aqui. Os átomos fazem tudo o que podem fazer para cumprir sua natureza, as células fazem tudo o que podem fazer para manter sua subsistência. Por que você faria menos? Você é mais do que um arranjo atômico, é mais do que um organismo de células.
O quanto você está disposto a sacrificar de seu comodismo para lutar pelo que o mundo sempre dispôs a você? Você quer ser realmente feliz? Então não desperdice as oportunidades que a vida lhe oferece para que você concretize seus desejos.
Subsistência. Eis pelo qual tudo luta no universo. Os átomos buscam a atração, as células buscam a sobrevivência ao meio, e o mesmo quanto a tudo que é vivo. Nós também, até o momento de nossa morte, jamais cessaremos de lutar por nossa subsistência, seja até mesmo involuntariamente, pelo funcionamento natural e independente do nosso organismo.
Mas somos mais que isso.
Nossos objetivos mais primitivos consistem em lutar pela concretização de nossos desejos. Busquemo-los, pois. Mas são primitivos! Que sejam, mas são a nossa natureza. A infelicidade consiste em reprimir a nossa natureza, por causa da vaidade humana em negar sua animalidade. Essa luta de negação é uma luta de negação do próprio ser. Como pode um ser negar a si mesmo? Está claro, portanto, que esta luta está fadada ao fracasso todas as vezes. Aí reside a frustração e a infelicidade.
Não se negue. Permita-se. Liberte-se.
Mas saiba que também é claro que esta atitude também é uma luta, mas é uma luta pela vontade da natureza, do universo. Não existe vontade humana efetiva se não estiver em acordo com a vontade da natureza. Aceite o fato de que você não é o dono da sua natureza nem tem o controle sobre a vontade do universo. Liberdade é aceitar a vontade do universo para si e praticá-la.
Mas como se sabe qual é a vontade do universo? Esta resposta você só obterá quando lutar por seus objetivos, e antes mesmo do final da caminhada, já durante as primeiras realizações, você sentirá uma certeza dentro de si de estar no lugar certo, fazendo a coisa certa, e dirá a si mesmo: É exatamente isto que beneficia minha vida, é para isto que eu nasci. Mais simples ainda. O que é para você é aquilo que faz você se sentir bem, e o que não é para você é aquilo que faz você se sentir mal.
O que é exclusivamente de seu controle neste universo são suas atitudes. Ou você as usa para lutar contra sua natureza, ou as usa para cumprir sua natureza. O primeiro caminho o leva à desarmonia, e o segundo, à harmonia.
Esteja aonde você deve estar, aonde você merece estar, aonde seus impulsos primitivos o querem levar: ao seu destino na natureza.
Mas acima de tudo compreenda que seu destino não é cumprir todos os seus desejos e ser feliz. Seu destino consiste na luta pela concretização de seus desejos ao invés de sua negação, e na luta pela felicidade. Nem sempre os átomos ou os seres mantêm por longo tempo sua subsistência, mas a lei permanece: lutar pela subsistência. O lutar é a natureza, não o permanecer, não o concretizar.
Para o ser humano, o objetivo maior é a luta pela felicidade. Perceba que a felicidade não é um direito de toda a natureza. Não há felicidade nas relações químicas dos átomos ou na sobrevivência das células. Há tão somente cumprimento com a ordem da natureza.
Felicidade é uma necessidade somente humana. Portanto cabe a você buscá-la. É seu dever, é sua responsabilidade lutar por ela. Agora, a concretização é uma conseqüência incidental. Pode ser que consiga a maioria daquilo pelo qual deseja, mas pode ser que não. Porém, mais uma vez, seu destino não é concretizar, é lutar pela concretização. Lutar é a essência. O realizar é incidental.
Por último, um conselho prático. Escolha logo se viverá uma vida virtuosa ou uma vida medíocre, uma vida sendo bom ou sendo mau.
É claro que a virtude é uma moral, e a moral não faz parte da natureza das coisas. Um animal não sente remorso em devorar o outro enquanto luta por sua própria sobrevivência, uma célula cancerígena não sente remorso em destruir o organismo enquanto luta por sua própria sobrevivência. É devido a este fato que o ser humano facilmente se corrompe julgando poder fazer tudo o que deseja, seja por bem, seja por mal. Repito, somos mais do que átomos e células. Existe uma natureza que é só nossa, só humana. E é lei desta natureza humana ser moral. Não há como o ser humano negar esta sua natureza, sua natureza moral. Assim fica esclarecido o falso pensamento de que é dever do ser humano ser feliz e lutar pelos seus desejos a qualquer custo, acima de toda moralidade. Não pode um ser estar acima de sua própria natureza. Portanto, não se pode estar acima da moralidade. Isto claro, você deve decidir se cumprirá sua natureza sendo bom ou sendo mau. Ser bom ou ser mau só cabe ao ser humano. O resto da natureza não tem escolha, é o que é, seguindo apenas a lei natural da subsistência. Mas ao ser humano cabe a escolha, e a escolha acarreta em uma grande responsabilidade, porque afeta a sua própria vida e a vida das outras pessoas e das coisas. É seu dever escolher se quer ser bom ou mau, se quer ser virtuoso ou negligente. Não é seu destino ser bom ou mau, não há em sua natureza uma predisposição à maldade ou à bondade, o que lhe é natural é a moralidade. Você é quem vai decidir, em última instância, se lhe é melhor ser bom ou mau.
Escute a natureza do seu ser. Decida-se de uma vez. E cumpra com o seu dever de lutar pelo seu destino.