Inadmissível

Não deu tempo de lhe oferecer tudo o que tinha, aqui, preparado. Uma música que agora tenho afinada na garganta, mais que isso, dentro de mim. E não posso cantar.

O vinho está reservado. O queijo, bom! Quem vem degustar comigo? Não quero queijos e vinhos sem as nossas conversas. Morro de fome, agora, e de sede!

O afago, com que já nos deliciamos, suas mordidas, tocar sua testa, seu cabelo fino. Com bigode, sem bigode, o homem atrás dos óculos e do bigode! Você era o meu homem! Não tolero você não estar aqui.

Seu andar pelo quarto, pela cozinha, você saindo pra fumar ali no jardim, caminhando pouco a pouco e entrando na minha vida. Reclamando até, disso, daquilo. Sinto muita falta de você, menino, senhor, maluco, poeta, sensitivo, sensível, culto, fino, rude.

Compartilhar uma idéia, um verso, um tema. Não existe mais ninguém para essa vivência comigo.

Meu amor, venha me ensinar logo a não morrer.

Sônia Casalotti
Enviado por Sônia Casalotti em 21/08/2008
Reeditado em 21/08/2008
Código do texto: T1139450