O QUE FICOU ESCRITO...
Escrevo desligada
do que ouço.
Presa vou,
Com passos que me levam
a um caminho...
à uma direção.
Tomo o rumo das palavras,
que escritas,
em mim habitam.
Leio...
o que ficou escrito
nas margens
de um poema longo.
Encontro...
nuvens de algodão
e fico aflita!
O sonho que por elas passaram,
ontem à noite,
ficou morto.
Apago letras de minha vida...
esqueço significados.
Espreito por cima de livros
e vejo,
na estante,
teu olhar no meio.
Fico pela metade...
igual o livro que li.
Escrevo desligando coisas:
letras e frases,
vogais e consoantes.
A escrita perde o sentido
o livro perde o sentido.
Deixo a saudade
no final do livro
que nunca chegou a ser lido.
Instantes imperfeitos...
as letras que escrevemos
são instantes imperfeitos que passamos,
sonhamos,
desejamos demais!
Deixam de ter significados...
assim como o movimento dos traços.
Já não é feito com amor
estes rabiscos descabidos;
E minhas mãos tão frias
tornam-se pesadas demais
e iludem os meus olhos,
que já não escondem
a minha dor.
...acho que morri!