Sobreamente

Era uma vez uma mente que tinha tudo pra ser brilhante. Como a vida tem seus poréns, é claro que as coisas tomaram rumos contrários daquilo que se esperava. Essa mente era espontânea, até o momento em que percebeu que tal espontaneidade não passava de uma simples ilusão. Essa mente costumava acreditar no amanhã melhor, mas percebeu que o amanhã não pode ser diferente se não houver mudanças consistentes. Essa mente passou então a não agir mais com a mesma espontaneidade, pois percebera que as outras mentes, na verdade, não se importavam com sua presença ; passou também a crer que o amanhã é indiferente, pois este ainda mal chegou e portanto não há como vê-lo como algo de bom.

Silêncio e reflexões analíticas passaram, portanto, a permear a mente, mas não porque a mente desejasse profundamente isso e sim porque a vida traz situações que mudam completamente a vida de qualquer mente. Uma mente que mente decentemente talvez não teria de passar por isso tudo, na medida em que a enganação de seu perspicaz pensamento faz com que muitos creiam em sua dialética pedante.

Mentes que se perdem na profundidade de sua própria mente não deveriam se permitir a tal acontecimento, muito embora a realidade não colabore para o surgimento de outros aspectos diferenciados. Aos que se julgam brilhante(mente) capazes de escapar das armadilhas escondidas nas profundezas mentais individuais, ainda que inconscientemente coletivas, tem a felicidade de não se depararem com os mais abomináveis, incoerentes e absurdos pensamentos decorrentes de correntes mentais presas umas às outras, não permitindo a liberdade de pensamento.