Mulher outdoor
Onde a mulher é mais desrespeitada: nos países árabes, onde é obrigada a cobrir os corpos e até o rosto?, ou no carnaval brasileiro, onde praticamente esfregam as ditas cujas cabeludas na TV em nome de fama, sucesso e etc?
Neste ponto, com toda certeza, eu atesto, como mulher, que me sinto mais desrespeitada aqui no Ocidente - especialmente no Novo Mundo, onde o pecado é inexistente, ao sul do Equador - do que me sentiria em Casablanca, no Marrocos, país árabe muito auspicioso.
Sem dúvida a revolução sexual não foi um grande ganho para nós mulheres. Grande ganho seria invadir o mundo masculino com nossos
valores de fidelidade, amor, cuidado e responsabilidade com a prole, recato ... isto sim. E não injetar em nosso universo feminino os valores dos machistas latinos, inclusive a hiper-valorização da performance sexual e dos concursos de sedução, tipo quanto mais melhor. Ah sim,
nesses momentos, como me faz falta um véu, que cubra minha insensatez, angarie muitas amizades femininas e afaste de mim a nefasta competição e a desgastante preocupação obsessiva com a estética.
Mas, sinceramente, ser afogada na piscina, como é bastante usado na Arábia Saudita e quem sabe no Afeganistão, por dar um
beijinho e ceder assim um pouco ao culto de Eros, bem, aí, neste caso, eu suporto, contrafeita, a tal hiper-exposição repulsiva aqui mesmo, abaixo do Equador, onde a existência de pelo menos um pouquinho de pecado não seria tão nefasta assim.
Felizmente, em nosso Ocidente cristão, há a alternativa ao constrangimento da hiper-exposição: buscar um véu de paz em algum dos mosteiros cristãos que resistem e permanecem em alguns lugares abençoados como refúgio durante o carnaval e a qualquer momento em que a alma peça um refrigério.