Ainda uma criança
Ás vezes me percebo ainda como uma criança, alguém que quer embalar o mundo, impulsionar desejos, viver sem medo.
A sede por aventura toma conta de meu ser, querendo sempre coisas novas, perder países, encantar pessoas, brotar sorrisos em faces e atravessar no meio da rua.
Vontades me vem do além, penso sempre em não me perder também.
Me vejo como um explorador desse mundo, querendo apanhar todas as cores, abraçar todos os braços, sentir todos os toques.
Contenho-me para não demasiar em meus avanços, mas sofro em me enraizar e afixar em uma terra. Não nasci para ser árvore que estável cresce e avança em direção ao céu, vim sim para ser pássaro e me aventurar mundo afora, viver em tempestades, mas colher sempre os bons frutos no topo das árvores e conhecer as mais belas paisagens, presenciar os mais nobres momentos quando o sol nasce.
E viver como árvore num corpo de pássaro não é fácil, machuca, cai pena, me faz parar de cantar. Me manter enraizado em um espaço, sem liberdade pra voar, fugir e outras pessoas encantar é como se mandasse uma pequena e feliz criança ir trabalhar.