DO ESCRITOR IDEAL...
Há de se gostar do Escritor de três olhos. Aquele cuja cabeça esteja no "Fogo", aquele insolente mesmo, aquele que faça brotar do papel algo "Ardente", que nos olhe na cara, aquele que nos sacuda, que não tema em nos deixar inquietos, que ataque, sem pudor, essa espécie medonha de conformismo tantas vezes confundido com lucidez. Há de se gostar do escritor que de fato provoque, que nos irrite na busca de uma sábia qualidade da própria Leitura, que respeite, desavergonhadamente, a nossa santa capacidade de indignação. Por outro lado, isso nada tem a ver com logomaquia, engodo intelectualóide, menos ainda com filosofices encapotadas, com obviedades óbvias, com banalidades linguageiras, com masturbações de auto-engano. Afinal, um bom escritor, ao lado de questões estéticas, como nos ensina Harold Bloom, tem força intelectual e, sobretudo, sapiência. Ao lermos um texto digno de assim ser classificado, nossa consciência se alarga e nos tornamos mais esclarecidos.