A Mente e o Pensamento Racional
O plano mental sempre me pareceu mais coeso, por mais que o meio acadêmico, assim como as ideologias sociais atuais, dêem preferência a uma visão de mundo pragmática, materialista - visão esta que se mostrou necessária perante as exigências do sistema, e da própria vida, para que houvesse, desta forma, uma vivência prática mais satisfatória.
Fala-se muito que a realidade independe da consciência [humana] desta, numa tentativa de verdadeira exclusão da mente e suas percepções. Não entrarei agora no mérito do questionamento da autonomia entre o fator o homem e a realidade, mas em algo que está mais ao nosso alcance: o seu conceito. Sabe-se, popularmente, que a realidade é aquilo onde todos nós estamos submersos. Ela é concreta, porém não imutável: sua estrita observação dá margens para sua alteração. Será que podemos dizer, no entanto, que sua manipulação é o que faz a diferença? Ou seria a forma como a percebemos? Ora, de nada nos serviria uma edificação se não percebêssemos que podemos trabalhar e nos refugiar do frio dentro desta, nos afastar dos ruídos externos, nos acomodar com ou sem conforto. Matéria nada significaria para nós se esta não nos produzisse estímulos. As funções que atribuímos às coisas e que percebemos na natureza supostamente fixa dependem da mente que percebe. Um candelabro pode ter a função de iluminar o ambiente, mas também pode servir para matar uma pessoa, e pode também ter a utilidade de suporte. Átomos podem ser os elementros constituintes da matéria, mas, sendo uma planificação humana, possuem uma concepção passível de mudança. O ser humano busca, através do pensamento racional nas mais diversas áreas de estudo, pela verdade. Porém, o que temos desde a formalização do conhecimento são argumentos diversos e visões diversas. E tem sido assim desde então. É inegável também que as produções científicas têm desde sempre refletido as então ideologias sócio-políticas.
Estando nós tão à disposição do fator mente, do pensamento de um presente momento, de percepções equivocadas, sem mencionar a subjetividade intrínseca ao homem; será que deveríamos confiar no plano concreto e coletivo, quando é no individual que residem nossas verdades?