Um Mendigo que passou num Concurso Público
Quando essa notícia saiu nos noticiários locais, a maioria das pessoas ficou impressionada com esse fato. Mas eu, não. E sabe por quê, meus caros? Porque julgo que qualquer pessoa que se empenhe nos seus objetivos consegue realizá-los, não importa que seja um mendigo, um negro, um índio, um sem-terra, ou qualquer outra categoria social brasileira.
O que ocorreu não foi somente a grande reação de surpresa dos expectadores que viram essa notícia, principalmente das pessoas que compõem a classe média, mas, de fato, o principal sentimento provocado foi a inveja. Foi ela que acometeu aos pequenos burguêses do nosso país. A inveja, quase infantil, de uma classe da sociedade que vive mais da aparência do que dos poucos patrimônios que possuem.
Sim, serviu de lição para todos. Um sujeito que morava numa praça e que estudava pelos livros e apostilas conseguidas com o auxílio dos seus conhecidos e também por meio da biblioteca pública que frequentava diariamente, sem dúvida, merece os elogios de toda a sociedade brasileira. Acerca do pagamento das taxas de inscrição, o fêz por meio do seu miserável ofício e também por intermédio da ajuda da vizinhança do local onde morava.
Além disso, serviu de lição para os cursos destinados aos concursos públicos, provando que eles não são essenciais para a aprovação dos estudantes. Ele é um bom exemplo de vida, um rapaz que estudou obsessivamente para sair da miséria que se encontrava e que salvou-se do seu triste destino. E também a prova capital de que a inteligência não é uma virtude apenas das pessoas oriúndas da classe média e da classe alta da sociedade brasileira. Enfim, posso até afirmar, com toda segurança possível, que acima de ser um mendigo, ele é um herói nacional.
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