O que pode nos comover
Teria realmente um amor "profundo e comovente" o condão de redimir um ser humano da tristeza e da desesperança. Ou isso seria tarefa para a religião, para a especulação filosófica, para a meditação ou para contemplação da vida diária.
E mesmo acreditando no condão desse "amor profundo e comovente", que chance há que ele ocorra em um momento de disputa tão intensa e de disparidades de interesses entre homens e mulheres/mulheres e homens?
O chamado para a procriação toma os jovens e os liga, pelo menos momentaneamente. Mas esse é um amor marcado pela ilusão a que a natureza os induz, de forma a obter os frutos tão desejados. No momento dessa convocação, dificilmente esses jovens põem em perspectiva real os problemas que advirão. Se o fizessem, talvez o caminho natural fosse a desistência, e a espécie começaria a correr o risco de extinção.
Para a etapa seguinte hoje resta pouca esperança, já que entre segurança material, defesa do espaço próprio, conforto, possibilidade de diversificada satisfação sexual e um "amor profundo e comovente" tendemos a preferir as outras opções.
Ou meu pensamento está toldado, distorcido pelo pessimismo?