Por entre os olhos do mundo

Olhei pela janela e vi um céu azul, um grande sol enchendo a vida de luz.

Parei, então para ver que já havia passado à escuridão.

Vi pássaros a cantar voando entre as mais belas nuvens, vi então borboletas de todas as cores voando livres e sem rumo, pois elas possuem a liberdade.

Olhei para o chão e vi que a grama ainda molhada cobria a terra, repleta de estudantes a caminho da escola, vi professores a passar apressados, vi árvores e palmeiras rodeadas de flores, vi amigos lendo um livro na calçada, vi a neblina aos poucos se extinguindo e dando lugar ao brilho do sol.

Olhei para o horizonte e vi o mar, batendo nos rochedos e espalhando alegria, vi o sol nascendo no topo da montanha e iluminando a escuridão que fugia apressada, vi a vida aproveitando um momento único, que nunca mais será.

Esqueci que no mundo há fome, maldade, poluição, esqueci das guerras, das mortes, da destruição. Vi o mundo como ele não é, mas como toda a humanidade desejaria que ele fosse, apenas por um momento, nem que esse momento fosse o último.

Os carros e ônibus não atrapalhavam minha visão, já tocavam os sinos da igreja para anunciar um novo dia, a vida já começara, a paz já começara, meus olhos olhavam por entre a maldade dos homens, meus olhos olhavam por entre os olhos do mundo, meus olhos aproveitavam a beleza única de um momento que jamais voltará.

De repente no desejo de um instante, o sonho se acaba, a ilusão se desfaz, e meus olhos derramam lágrimas, pois a única coisa que conseguem enxergar é a cruel realidade, a tristeza de uma humanidade que não tem mais coração, que não tem mais salvação.

Meus olhos por um único instante buscavam a paz, a verdadeira paz, infelizmente não a encontraram e sem outra solução cabível derramaram lágrimas, que verdadeiramente refletiam a tristeza de mais um ser, que conhece a realidade em que vive e mais ainda conhece a realidade sofredora da maioria das vidas de hoje.

Marina Dalmass
Enviado por Marina Dalmass em 14/07/2008
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