Nec____________

O lugar no que me encontre, meu povo. Quem me tende as mãos quando cambaleio, meu irmão, minha irmã. Por pai, quem se foi. Quem ainda ficando sem homem se ausentou, e sem mãe, a mãe.

A mulher que me sonhe, meu desejo, a que me invente cada dia, cada hora, cada instante, e me cative, minha ilusão, minha amiga, minha namorada.

Com o sangue mesturado das derrotas infringidas por quem nos invadiu por terra mais por mar.

Com o nome de qualquer, perdido, e os apelidos repudiados, asinarei com a pena invisível de tinta de olvido.

Minha terra, a terra do que emigra. Meu país, o País da Morrinha; a nacionalidade, da saudade. Meu país dissolto em névoa, minha gente de chuva, por esses mundos perdidos, desperdigada, minha gente de nenhures.

Na cabeça, a linha curva dos horizontes de mares abertos.

Nos olhos, as névoas dos montes distantes.

A face cuberta das inúmeras areias de todas as praias destas costas verde e prata.

As orelhas emancipadas de quem escuta.

No nariz, as pontes velhas ainda resistindo sobre imemoriais rios de tristeza.

Nos lábios, as apetitosas cores de todas as frutas destes campos maduros.

E no meio, o sorriso de neve por um mundo sem coração.