Espantalho
Os dias correm profundamente azuis
O céu possui asas douradas
E a noite é seda negra perfurada de frestas prateadas
Minha periférica visão turvou-se
Não ando, os dias passam
E o tempo esvoaça bando de corvos
Seca garganta rasga minha desinteressada mudez
Sede absorve-me até a última gota que se esgota
em orvalho compreensão
Recheados corações de palha
Prontos a arderem ante emoções-tochas
O que me assombra é o além da janela
O que estremece e assola o chão fincado
já tão minguante de pensar
é o som do claudicante vazio mental
No vazio, penso
No mental sou pensado