"A ineficiência e a demora da Justiça brasileira são as principais causas da impunidade em nosso país"?

São duas das principais, mas não são as únicas. As leis precisam ser aperfeiçoadas, mas não “importando” legislações que foram feitas atendendo as características coletivas de outras sociedades.

Por exemplo: poderíamos “importar” a legislação branda contra roubos, que tenha sido elaborada para uma sociedade que normalmente não rouba? Claro que não, pois lá tal legislação foi bem aceita e bem-sucedida precisamente porque foi feita para as características específicas daquela sociedade.

Portanto, penso que trazer e adaptar a legislação que tenha dado certo na Suécia, na Suíça, na Itália, na Holanda, na França, na Alemanha não é certeza de que resolveremos nossos problemas. Porque essas leis jamais atenderão plenamente os NOSSOS problemas porque não foram elaboradas especificamente para NÓS.

Não é porque uma lei é vigente e com alto grau de eficiência em um país tido como altamente civilizado, que adotada em qualquer outro país - sem as mesmas características de povo, sem as mesmas tradições culturais, sem o mesmo nível educacional etc. -, terá o mesmo grau de sucesso É errado pensar que a mera transposição de leis, que se aplicam em países onde determinados problemas estão, ao menos, sob controle, os nossos problemas igualmente ficarão bem fiscalizados e orientados. Pensar que para problemas semelhantes devamos ter soluções obrigatoriamente iguais é pensar de modo simplista.

Pensar que apenas traduzindo um boa lei estrangeira, ou adaptando-a em alguns pontos e pondo-a a viger se porá fim a um problema que em nosso país tem causa divergente é ter uma compreensão  superficial irrefletida, imprudente e até leviana dos fatos.

Fora as leis não completamente adequadas aos nossos problemas, a meu ver existe também uma conivência da sociedade, que não demonstra com a veemência devida sua indignação. Colocar um nariz de palhaço e dizer “isso tudo é uma palhaçada” diante de acontecimentos que ferem frontalmente os seus direitos não é, de modo algum, uma reação veemente e adequada ao fato. Era preciso que as pessoas se conscientizassem de seus direitos e de seus deveres e, uma vez estando quites com seus deveres, soubessem de quais direitos são credores e os reivindicassem de forma fundamentada.

É claro que já fomos muitos mais desinformados, mas ainda precisamos melhorar muito mais. O intercâmbio de conhecimentos pela Internet é um bom caminho.