O Amor...
Então fiquei...
Linda, bem humorada, simpática, sorridente...
Ciúme, imagina isso nem compõe meu vocabulário, ou os meus sentidos..
Pegajosa....isso pra mim é sacrilégio...
Afinal preciso ser feliz,
Então... meu homem me espera...
Ou melhor, eu é que espero encontrá-lo, é meu destino!!
Minha felicidade!!
Bla, bla, bla, bla, bla...
E mulheres saem a procura de sua felicidade, o homem de sua vida, sem mesmo questionar tal paradigma.
Aos homens, não tem nenhum texto, livro ou artigo
dizendo-lhes: “Encontrem sua felicidade, saiba como conquistar a mulher de sua vida.”
E elas seguem atras do tesouro perdido, moldando-se, adaptando-se a padrões não apenas físicos, mas comportamentais, psicológicos, emocionais.
Racionais também...desde que a razão não as levem a questionar essa NECESSIDADE.
Tem que ser feminina, sempre bela, unhas e pés feitos,
Cabelos esvoaçantes, olhos que brilham, dialogo sempre alegre, interessante, divertido!!
Mas...........talvez o tesouro não seja encontrado, talvez não exista, quem sabe não é para existir, pelo menos não para todas!!
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh mas TODAS devem ser felizes e pra isso DEVEM encontrar o homem de sua vida!!!
Muitas os encontram e isso é muito bom!
É maravilhOso!
Para elas e para Eles!!
No entanto existem muitas que não encontraram e não encontrarão. São elas as Infelizes predestinadas à solidão e a uma vida emocional de poucos atrativos. Pelo menos essa é a idéia que predomina, infelizmente não apenas nas revistas, ditas femininas, mas também no imaginário de muitas.
Como viver sem a montanha russa do relacionamento mulher-homem??
Não, eu não escrevi homem-mulher, porque em todos os lugares, das mais diversas formas, está a idéia de que a mulher deve encontrar o relacionamento de sua vida, de que a mulher deve quebrar a rotina do relacionamento, de que a mulher deve enlouquecer seu homem na cama....etc....etc...etc...
Ahhh mas eu estava a questionar a respeito daquelas que nem podem se preocupar com questiúnculas tão elevantes....rsss...
Será que há algo mais “debaixo do Equador” de um paradigma “tão rico”: felicidade = amor = homem.
Não se trata de fazer apologia à solidão ou ao fim dos relacionamentos, nem mesmo crítica àquelas que encontram neste tipo de amor sua felicidade.
Trata-se de refletir sobre uma necessidade vendida há milênios e que parte de uma visão, no mínimo, reducionista de amor e é essa visão reducionista que acaba por impregnar a infelicidade de muitas, não porque esta infelicidade seja predestinada, afinal a felicidade pode ter muitas faces e formas e para ela não há receita. Mas a receita da infelicidade, esta sim, é apregoada num encontro que não acontece e numa procura infindável e eterna.
O amor pode e deve ser vivido, mas ele não está necessariamente nos braços de quem quer que seja. Ele está em nossas mãos e pode sim, por contraditório que pareça, estar justamente atrelado a uma ausência, e é na presença dessa ausência que as portas da felicidade se abrem, uma felicidade que não sonhamos por pura falta de criatividade e porque nos acostumamos a vê-la apenas, sob os auspícios de padrões que nos vem sendo ditados há séculos.
Sim estou falando de uma felicidade que Só pode ser encontrada desde que não encontremos o tão conclamado “príncipe encantado” por mais sapo que ele seja, por mais humano que possa ser, enfim, estou falando de uma felicidade que não é encontrada porque está sendo procurada ou esperada de uma forma equivocada, porque seu prisma e sua direção estão em outro lugar, que sequer imaginamos e não é porque não imaginamos que ele não existe.
E para finalizar me desculpo pelo desabafo da reflexão, é que estou cansada de ouvir mulheres dizendo que estão a procura de seus “homens”, de seus “amores” como último patamar para felicidade e não os encontrando ou se sentem frustradas e incompletas ou passam a vida a esperá-los, desejá-los e querê-los, sem nem mesmo questionarem-se sobre uma felicidade que existe justamente porque eles não quiseram dar o “ar de sua graça” em suas vidas.
Mulheres que se assustam diante da idéia de que talvez “Ele” não exista e então diante dessa possibilidade, pra elas tão terrível, continuam a repetir-se em seu querer, seu desejo, em sua espera. Não percebem que essa possibilidade é na verdade apenas o degrau de que precisam para poder olhar a vida de uma outra maneira e começar a ver todo o amor que já possuem e toda a felicidade que já está ali a sua espera, mas essa felicidade só pode ser vista quando estiverem realmente livres, livres do medo, do medo de que ele não venha, do medo de não encontrá-lo, porque fora deste medo, além da felicidade, o que se encontra é a paz, a tranquilidade e quando isso acontece, talvez esse amor tão esperado aconteça, ou talvez não aconteça da forma tão desejada porque já está acontecendo de outra forma, de qualquer maneira, já não importa mais, a liberdade, paz e o Amor prevalecem.
(Valéria Trindade)