A grande jogada

Lá bem no interior do meu Brasil,

uma família estava na estrada,

seu Onório, sua esposa e o casal de filhos,

não dava mais pra viver ali, naquela miséria sem fim,

nunca conseguiram nada na terra onde nasceram,

saíam do interior, pra tentar viver na capital,

nos dias em que viviam naquela terrinha,

o sustento foi sempre duro, danoso como ele só,

o sertanejo tinha o corpo calejado pelo esforço da labuta,

já não sentia tanto aquela vida sofrida,

mas, os teus dependentes vivendo aquela situação,

pra ele será e vai ser sempre penoso,

um dia ouvindo pelo rádio, teu único meio de comunicação,

escutava o locutor eufórico falando da modernidade,

dizia que nos tempos de hoje, a vida é bem mais fácil,

a alimentação sempre na mão e gostosa, de acordo com a mocidade,

falava ainda que o nosso Brasil é feliz, não tendo como não ser,

bastava ver a alegria de todos da fartura de ponta a ponta,

que o nosso governo, solícito ajudava até nos longínquos rincões,

apesar do país ser imenso, a cesta básica chegava em todos sertões,

que também hoje em dia é fácil arrumar a vida, basta uma grande jogada,

e foi numa jogada magistral, que o Lula é nosso presidente,

veio do interior, ajustou-se no emprego na cidade grande,

entrou de peito aberto na política, e hoje é o que é, mas também é inteligente,

e de jogada em jogada, com a ajuda dos tempos bons de hoje

que ele vai fazer o nosso Brasil ser todo eficiente,

Seu Onório, deu um salto do banco que estava sentado,

e logo foi falando como se o locutor lhe ouvisse:

--- aqui não tem facilidade não seu moço, nada da modernidade,

pois neste meu sertão, há muito que não vemos a cesta básica,

nós aqui vivemos na penúria, nem temos água encanada!

Nesta situação vou por o pé na estrada fazer a grande jogada,

saio deste sertão com minha família atrás da modernidade!

(Se houver alguma coincidência!... é a realidade do nosso Brasil!!!...)