As pessoas primitivas são comumente egoístas. E este nosso mundo ainda é muito primitivo. Na verdade, deixar de sê-lo faz parte de um processo evolutivo. Primeiro, o homem tem de tomar conhecimento de seu mundo interior, entendê-lo, para depois compreender o que existe no exterior. É na evolução continuada que o homem começa a perceber o mundo exterior.

 

O problema é que durante o processo de evolução, começa a haver um desequilíbrio, e o amor ao bem próprio começa a se tornar excessivo, a atenção a tudo que a si próprio se refira se torna exclusiva, e começa-se a achar que os interesses de outrem devam, obrigatoriamente, submeter-se aos nossos...

 

Esse amor-próprio excessivo, torna igualmente desmedido o sentimento de dignidade pessoal, transformando o orgulho, que deveria ser um sentimento sadio de dignidade pessoal, em soberba, arrogância, presunção.

 

Pensar que só a si mesmo importa, que o seu eu está acima de todos os outros, que gostar de si mesmo é passar por cima de tudo e de todos, torna o homem insensível e termina transformando-o num ser anti-social, prejudicial ao seu grupo social.

 

O egoísmo impede a continuidade da evolução. O homem se torna um “autista”, porque ao criar um mundo particular, autônomo, ele se desliga da realidade exterior. E era precisamente conectar-se à realidade exterior que permitiria ao homem continuar sua evolução.

 

Lamentavelmente, é mais fácil o homem sair do planeta Terra e ir a outros corpos celestes, do que sair de seu mundo interior e se integrar aos diferentes “mundos” - que são cada um dos seres viventes aqui mesmo neste orbe planetário.

 

Todos temos muito a aprender com - o outro -, e cada pessoa tem pelo menos uma coisa muito importante a nos ensinar. O outro embora seja de nós diverso, é também nosso semelhante: ou seja, ao mesmo tempo que é diferente - a nós se assemelha, conosco é parecido. Porque embora tenha sua própria personalidade, que com a nossa não se mistura, o outro e nós somos todos passíveis dos mesmos sentimentos, das mesmas dores, das mesmas emoções etc. Embora cada indivíduo seja único, somos todos unidos que formamos a humanidade. Isolados jamais teríamos sobrevivido. Ou seja, embora o egoísta ainda não se dê conta, a sua sobrevivência só é possível graças ao outro - a todos os outros.

 

O egoísta é, pois, um ser que vive pela metade, pois se fechou à vida que está “lá fora” - no outro...